terça-feira, 30 de agosto de 2011

Espanha pode ter cemitério de corpos congelados para ressuscitá-los

Cientistas devem construir na Espanha um cemitério para corpos humanos congelados, na tentativa de conservá-los enquanto a ciência avança nos estudos que poderiam ressuscitá-los. O primeiro deles, o Cemitério-Laboratório Ibero-Americano de Criopreservação, poderá ser abrigado na Espanha.

Ainda não há data para a construção do cemitério. Estima-se que ele seja capaz de receber 500 corpos e que custe cerca de R$ 100 milhões, de acordo com o diretor da recém-criada Associação Ibero-Americana de Criopreservação, Francisco Roldán.

"Ficção científica? Se quiserem chamar assim, pois que chamem. Milhares de anos atrás os homens sonhavam voar e não imaginavam que um dia o faríamos em um avião", disse ele à "BBC Brasil".

O investimento é sem garantias e vai custar em torno de R$ 140 mil por cadáver. O corpo ficará congelado a -196 graus em um caixão de alta tecnologia industrial.

Opiniões divergem
A construção do cemitério e a ideia de ressuscitação fazem com que surjam discussões sobre a validade ou não dessa iniciativa.
O porta-voz da Comissão de Ética da Organização Médica Nacional disse à "BBC Brasil" que "não se trata de impedir os avanços da ciência, nem de criar falsas expectativas. Mas de saber quais são os limites médicos, humanos e até divinos, se for o caso."
Para o pesquisador Ramón Risco Delgado, chefe do Departamento de Criopreservação da Universidade de Sevilha, "em mais de 50 anos de tentativas, no máximo a ciência conseguiu reviver o rim de um coelho e o útero de um rato. Conservar um cadáver humano congelado com a esperança de ressuscitá-lo no futuro não tem sentido. É um engano absoluto".
Roldam explica que "com estas técnicas corremos contra o relógio. Assim que se constata a morte legal, o cérebro continua enviando impulsos elétricos durante uns instantes. E é durante esse tempo que aplicamos a vitrificação".
A Associação Ibero-Americana de Criopreservação diz que os primeiros sinais das possibilidades de ressuscitação já existem, e usam o exemplo dos óvulos humanos para fecundação.

Aparelho que liquefaz cadáveres será usado comercialmente nos EUA




Um aparelho que transforma cadáveres em líquido começará a ser operado comercialmente nas próximas semanas na Flórida, Estados Unidos.
Criado pela companhia Resomation Ltd, com sede na cidade escocesa de Glasgow, o aparelho está sendo comercializado como uma alternativa ecológica para a cremação.
A máquina, batizada de Resomator, foi instalada na funerária Anderson-McQueen, na cidade de St. Petersburg, na Flórida. Segundo a funerária, o aparelho deve começar a ser usado nas próximas semanas.
A tecnologia teve de receber aprovação de legisladores na Flórida. Até agora, sete Estados americanos aprovaram o uso o método.
Há expectativas de que outras unidades entrem em funcionamento em breve em outras cidades nos Estados Unidos e também no Canadá e Europa.
Consciência ecológica
O fabricante diz que o método - que, em linhas gerais, dissolve o cadáver em água quente alcalinizada - produz menos gases associados ao efeito estufa do que a cremação, usa um sétimo da energia e permite a retirada de metais poluentes (como aqueles contidos nas obturações dentárias), evitando que eles venham a contaminar o meio ambiente.
Máquina que liquefaz cadáveres (BBC)
Máquina só foi aprovada para uso em sete Estados americanos
Obturações dentárias queimadas em crematórios seriam responsáveis, na Grã-Bretanha, por 16% das emissões de mercúrio do país. Por conta disso, as empresas do setor estão instalando sistemas de filtragem para tentar alcançar metas de emissão.
"(O método) Resomation foi desenvolvido em resposta à crescente preocupação do público com o meio ambiente", disse o fundador da empresa, Sandy Sullivan, à BBC. "Ele oferece aquela terceira opção, que permite às pessoas expressar suas preocupações de forma positiva e, eu acho, pessoal".
O método envolve a imersão do corpo em uma solução de água e hidróxido de potássio. A solução é pressurizada e aquecida a 180ºC durante no máximo três horas.
Todos os tecidos do cadáver são dissolvidos e o líquido é despejado no sistema de esgotos. Sullivan, formado em bioquímica, disse que testes provaram que o líquido resultante é estéril e não contém DNA. Segundo ele, não há riscos para o meio ambiente.
Após a retirada do líquido, os ossos são colocados em uma outra máquina - usada em crematórios convencionais para esmagar fragmentos de osso e transformá-los em cinzas após a cremação.
Nessa fase do processo, mercúrio e outros metais são recuperados.
Promession
Outro método que também se propõe a oferecer uma alternativa ecológica para a disposição de cadáveres é o chamado Promession, criado pela bióloga sueca Susanne Wiigh-Masak.
Nele, o corpo é congelado a -18ºC, depois imerso em nitrogênio líquido a -196ºC e chacoalhado até que se despedace.
Quaisquer metais presentes no cadáver, como obturações dentárias ou próteses, são extraídos e reciclados. Restos orgânicos são jogados na terra, dando continuidade ao ciclo da vida.
O método Promession já está disponível na Grã-Bretanha.


Turistas alemães seduzidos por cemitérios portugueses

Em apenas uma década, o número de visitantes dos sete cemitérios de Lisboa cresceu seis vezes, tendo atingido, em 2010, cerca de nove mil turistas. A maioria é oriunda de países da Europa do Norte, com os alemães e holandeses a liderarem este segmento turístico.

foto Jose Carlos Pratas/Global Imagens
Turistas alemães seduzidos por cemitérios portugueses
Cemitério dos Prazeres
Alemanha, Holanda e Espanha são as principais origens dos quase nove mil visitantes que, no ano passado, encheram os cemitérios de Lisboa, atraídos por uma arquitectura cemiterial, com características marcadamente portuguesas e mediterrânicas. O maior jazigo privado da Europa, o dos Duques de Palmela, no Cemitério dos Prazeres, foi um dos motivos que mais turistas conseguiu atrair.
Dados da Divisão Municipal de Gestão Cemiterial (DGC) de Lisboa, a que o JN teve acesso, revelam que 3208 turistas de nacionalidade alemã percorreram a rota pelos sete espaços fúnebres existentes na capital, elaborada por aquele núcleo camarário, com técnicos especializados na área da investigação e temática cemiterial.
A maior afluência de alemães verificou-se nos últimos três meses de 2010, com especial incidência em Outubro e Novembro. Os espanhóis mantiveram-se num número contínuo ao longo do ano, com o maior pico a acentuar-se em Abril (Páscoa). Já os holandeses invadiram Lisboa em busca do denominado "Turismo Negro" nos meses de Verão.
França, Bélgica, Inglaterra, Suíça, Suécia e Itália são outros dos países que forneceram mais de um milhar de curiosos cemiteriais. Ainda segundo o relatório da DGC, além de quase dois mil portugueses, há ainda a salientar 614 turistas das mais diversas origens geográficas.
Arte fúnebre de cara pintada
Ao JN, Ana Paula Ribeiro, responsável pela DGC, admite que estes números são o resultado do "grande destaque dado ao turismo cemiterial", através da "realização de diversas acções, bem sucedidas".
"Nomeadamente, palestras e colóquios temáticos, concertos de música sacra, erudita e fado, e a criação do Núcleo Museológico específico, que se julga único na Europa", traduz, adiantando que os espaços mais visitados, quer por portugueses e estrangeiros, foram o dos Prazeres - de 1833 e um dos mais majestosos - e o do Alto de São João, criado no mesmo ano do anterior e enriquecido com inúmeros jazigos e mausoléus.
Desde há alguns anos que a Câmara de Lisboa tem vindo a restaurar o espólio dos vários cemitérios, tanto o património a céu aberto, quer os jazigos mais importantes, como o Mausoléu dos Palmela. Paralelamente, elaborou vários roteiros (em português, inglês e alemão) e promove visitas guiadas.

Prefeitura investiga se praça recebeu terra de cemitério

A prefeitura de Corumbá, a 352 km de Campo Grande (MS), abriu sindicância para apurar as responsabilidades pelo aterro nas obras de uma praça no bairro Cristo Redentor. A suspeita é de que a terra usada na obra teria sido retirada de um cemitério, já que foram encontrados osso humanos e pedaços de lápides no terreno.
Os problemas ocorreram na construção de uma praça no bairro Cristo Redentor, realizada pela prefeitura. No local, foram encontrados diversos vestígios de sepulturas, como vestes e pedaços de lápides, além de vasta quantidade de ossos humanos.
Após receber a denúncia de que a terra seria oriunda do cemitério Nelson Chamma, localizado próximo à fronteira com a Bolívia, o prefeito do município, Ruiter Cunha de Oliveira (PT), determinou à Secretaria Municipal de Infraestrutura, Habitação e Serviços Urbanos a abertura de uma sindicância para "a apuração rigorosa e célere" das responsabilidades pelo ocorrido.
Farão parte da comissão de sindicância os engenheiros civis Adjalme Marciano Esnarriaga Junior e Tânia Mofreita Bruno Szochalewicz, ambos gestores de Obras e Projetos da prefeitura, além da advogada Virgínia Barros Mello, procuradora do município. O prefeito determinou o prazo de 15 dias para a conclusão da sindicância.
Com o objetivo de "garantir total isenção às investigações", o prefeito afastou os servidores Gerson Melo, superintendente de Serviços Urbanos e responsável pela manutenção no cemitério, e Edson de Moraes Rodrigues, gerente de Serviços Públicos, que coordenava os trabalhos de terraplanagem e aterramento da praça.

Os cemitérios são lugares com grande importância artística histórica, escultural e de arquitectura

O turismo tem desde há uns tempos uma nova modalidade, que movimenta já milhares de adeptos por todo o Mundo. É o turismo cemiterial. São lugares com grande importância artística - escultura e arquitectura - histórica e social. Na Europa, a concepção romântica do sec XIX planeou e construiu verdadeiros espaços urbanos e monumentais, com ruas, praças, jardins e monumentos. Esta concepção do espaço, mais destinada aos vivos do que aos mortos, criou razões para os visitantes desfrutarem as obras de arte e o espaço como o fariam em qualquer parque urbano. O turista tipo que visita cemitérios é de formação elevada, e de poder económico superior, o que por si só justifica a aposta na sua requalificação e divulgação.

O interesse por estes espaços sagrados já motivou a realização de congressos e simpósios internacionais (Sevilha 1992 e Wroclaw na Polonia com organização do ICOMOS).

Por outro lado, a curiosidade em visitar a ultima morada de cidadãos que se notabilizaram nas artes, na literatura ou na política, ainda que os túmulos não tenham qualquer interesse artístico, tem aumentado nos últimos tempos. No fundo, até não é assim tão estranho, uma vez que um dos locais mais visitados do mundo, as Pirâmides do Egipto, não são mais do que gigantescos monumentos funerários, tal como as tão nossas conhecidas Antas. O interesse pelos cemitérios mais tradicionais e menos monumentais também floresceu. Um dos casos exemplares é o do túmulo do cantor Rock Elvis Presley, que morreu em 1977, e que foi sepultado num primeiro momento no cemitério de Forest Hill. No entanto, os problemas resultantes da anormal afluência, entre os quais uma tentativa de roubo do corpo, motivaram a transladação para os jardins da mansão onde viveu, Graceland, no Tennessee. Este local é a segunda residência mais visitada dos EUA depois da Casa Branca.

Um dos cemitérios mais visitados do mundo é o Parisiense Père-Lachaise, onde descansa Jim Morrisson, famosa estrela do grupo Rock “The Doors”. E está bem acompanhado porque tem como vizinhos personalidades como Oscar Wilde, Chopin, Moliere, Balzac, Delacroix, Modigliani, Maria Callas e Edith Piaf, entre muitos outros famosos. Este cemitério, para além de ser um espaço agradável e muito bem localizado com excelente vista sobre a cidade, está organizado já em função da procura turística com mapas, guias de visita e um site com visita virtual, que se aconselha a quem pensava que era impossível passear num cemitério. Paris tem aliás outros cemitérios importantes onde se depositam restos mortais de muitas celebridades como o dos Inválidos (Napoleão Bonaparte) Montmartre (Emile Zola e Degas) Montparnasse (Baudelaire, Beckett e J.P. Sartre) e o fabuloso Panteão (Voltaire e J.J. Rousseau), que só por si justificam uma visita.

Outro dos espaços de morte mais singulares é o Cemitério Nacional de Arlington, nos Estados Unidos da América. Perto de Washington D.C., estão nele enterradas mais de 300 mil pessoas, sobretudo veteranos de todos os cenários de guerra em que os EUA participaram. Alguns dos personagens históricos mais famosos enterrados em Arlington são os astronautas da nave Challenger, o Senador Robert Kennedy e seu irmão, o Presidente John Kennedy. É caracterizado por ser um imenso relvado em que cada tumba é assinalada por apenas uma simples cruz em mármore branco com o nome e as datas de nascimento e de morte do venerado.

A recentemente falecida actriz Elizabeth Taylor foi enterrada no cemitério Forest Lawn em Los Angeles. Neste cemitério, que tem a particularidade de ser privado, encontram-se ainda os não menos famosos Walt Disney e o muito Popular Michael Jackson.

Outro exemplo, este de características extraordinárias, é o Monumental de Milão, uma das principais atracções da cidade. É também visitado anualmente por milhares de turistas. Desenhado pelo Arquitecto Carlo Maciachini, tem uma organização cuidada ao pormenor, de desenho e qualidade artística fora do comum. Tem sectores que separam as diferentes religiões e ritos funerários e um conjunto raro de rica estatuária em pedra e sobretudo bronze, com colossais mausoléus, em estilos que abarcam todos os períodos dos últimos dois séculos. Também alberga personalidades famosas como Giuseppe Verdi, Arturo Toscanini e o próprio arquitecto autor do projecto.

Em Portugal, vários cemitérios estão em vias de serem classificados, nomeadamente o cemitério dos Prazeres, com importantes registos simbólicos maçónicos, estatuária e arquitectura.

Fica assim claro que deve haver o maior cuidado na gestão destes importantes espaços, que têm já um valor patrimonial significativo. Infelizmente por cá, neste período de crise em que tudo serve para arranjar uns trocos extra, as notícias relatam vandalizações e roubos de objectos metálicos nos nossos cemitérios, certamente não vigiados. Até nesta matéria andamos atrás de todo o Mundo.

Cemitério da Saudade tem m² mais caro que de condomínio de alto padrão

Prefeitura publicou nesta segunda-feira (29) os valores da licitação para aquisição de sepulturas

Se é caro viver em Piracicaba, morrer está ainda mais. Pelo menos se for considerado o metro quadrado do terreno. O espaço no Cemitério da Saudade está mais "salgado" do que o de terrenos em um dos condomínios mais renomados da cidade, o Terras de Piracicaba. No cemitério, o metro quadrado sai por R$ 1.652, ao passo que o de uma área no loteamento é encontrado entre R$ 1 mil e R$ 1,2 mil. O novo valor para aquisição da concessão de sepulturas foi anunciado nesta segunda-feira (29) pelo Executivo, que decidiu leiloar os espaços.

A alternativa de leiloar os jazigos abandonados na Saudade ocorreu após a prefeitura “desconfiar” de um esquema de venda ilegal de túmulos no local, denunciado pelo EP Piracicaba. A grande demanda de túmulos no cemitério tem sido frequentee a reportagem apurou que algumas famílias chegam a pagar até R$ 45 mil por uma sepultura. Dessa forma, a prefeitura, com autorização da Câmara, criou o leilão das concessões dos jazigos só para pessoas físicas.

O metro quadrado é maior ainda quando comparado com áreas próximas ao cemitério da Saudade. Na Vila Monteiro, onde está localizado o cemitério, o valor médio do metro quadrado varia entre R$ 450 e R$ 500, segundo Angelo Frias Neto, diretor do Sindicato da Habitação (Secovi), regional Piracicaba. No Bairro Alto, outro local próximo ao cemitério, o metro quadrado das áreas alterna entre R$ 550 e R$ 600.

“Normalmente, quanto maior é o terreno, menor será o preço do metro quadrado. Por isso que no cemitério é mais caro, pois ocorre o inverso, já que a área é menor”, afirmou Frias Neto. A prefeitura anunciou nesta segunda que a sepultura dupla de frente de rua tem lance inicial de R$ 8 mil; sepultura dupla de centro de quadra, R$ 6 mil; sepultura simples de frente de rua, R$ 5 mil; e sepultura simples de centro de rua, R$ 4 mil. O valor final pode ser ainda maior.

As sepulturas simples medem 1,10 metro por 2,20 metros e, as duplas, 2,20 metros por 2,20 metros. O custo do metro quadrado, de R$ 1.652, é idêntico nos dois casos. A prefeitura informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que para chegar aos valores mínimos para cada lote a Procuradoria-Geral desenvolveu pesquisa junto às demais prefeituras da região. A nota diz que, “se comparado a outros municípios, o metro quadrado do cemitério de Piracicaba é o menor valor da região”.

A nota afirma ainda que a Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Sedema) e a Procuradoria informaram que não se pode simplesmente dividir o valor do cemitério em metro quadrado, como o de um loteamento, pois “trata-se de um cemitério que tem uma grande procura por túmulos”. O valor do metro quadrado do cemitério só perde para alguns pontos da Avenida Independência, disputada pelo comércio e que chega a R$ 2 mil.

Para o procurador-geral do município, Milton Sérgio Bissoli, não há como se comparar o metro quadrado de um cemitério com o de outros loteamentos. “Não tem como comparar as duas coisas, pois o máximo que se pode adquirir no cemitério é uma área de 2,20 metros por 2,20 metros”, afirmou. Ela também disse que esta primeira licitação se faz depois de décadas de concessões perpétuas e que põe fim a uma situação equivocada no local.

Leilão
A prefeitura publicou no último sábado (27), no Diário Oficial do Município (DOM), a licitação que trata das outorgas de sepulturas no Cemitério da Saudade. No primeiro lote serão comercializados 165 jazigos, de um total de aproximadamente 800 que não tiveram as famílias identificadas pelo Executivo durante o período de levantamento. São sepulturas em dois tamanhos, com diferentes localizações, a partir do que foram determinados os lances iniciais.

A abertura da licitação está agendada para o dia 3 de outubro, no anfiteatro do Centro Cívico. Os interessados poderão parcelar os pagamentos em até quatro vezes. Mas as pessoas já podem dar os lances a partir desta terça-feira (30) e todos os detalhes de participação estarão disponíveis na mesma data no www.piracicaba.sp.gov.br.

Espanha terá cemitério-laboratório para congelamento de corpos


Anelise Infante

Foram anunciados na Espanha planos para a criação do Cemitério-Laboratório Ibero-Americano de Criopreservação, onde corpos podem ser congelados na esperança de que a ciência descubra meios de ressuscitá-los. O cemitério, que ainda não tem data para ser construído, terá capacidade para receber 500 corpos e custará R$ 100 milhões, financiado por interessados de alto poder aquisitivo, segundo Francisco Roldán, diretor da recém-criada Associação Ibero-Americana de Criopreservação, entidade que reúne quase cem médicos.
Roldán, que não é médico mas formado em ciências políticas, diz que o financiamento é garantido por interessados de alto poder aquisitivo que não só desejam viver eternamente, como ainda esperam se beneficiar das descobertas científicas futuras para estar sempre jovens. "Ficção científica? Se quiserem chamar assim, pois que chamem. Milhares de anos atrás os homens sonhavam voar e não imaginavam que um dia o faríamos em um avião", disse ele à BBC Brasil.
"Hoje ressuscitar pode parecer a mesma utopia. Mas quem pode limitar os avanços da ciência?", completa Roldán. O investimento, sem garantias, custa em torno de R$ 140 mil por cadáver. É o preço para ter o corpo congelado sob uma temperatura de 196 graus abaixo de zero em um caixão de alta tecnologia industrial.
Nitrogênio
A nova instituição está baseada em técnicas inventadas nos Estados Unidos. Será aplicada pela primeira vez em outro país, com a intenção de aglutinar cientistas, estudiosos e clientes também da América Ibérica. O cadáver é conservado em uma espécie de urna de aço com um gerador de nitrogênio líquido projetado pelo engenheiro da associação, Alberto Sarmentero que afirma ser "capaz de manter o corpo em bom estado durante aproximadamente um século".
Mesmo sem perspectivas de ter alguma base científica que comprove que a ressurreição é viável, os quase cem integrantes da associação já tem tudo de que precisam para criar o futuro cemitério-laboratório. Implantado na serra de Madri, o espaço contará ainda com laboratórios de investigação científica, armazéns de materiais biotecnológicos, bancos de DNA, centro de conferências e um hospital para doentes em fase terminal.
Entre esta fase final de vida e a tentativa de ressurreição o tempo é fator fundamental. "Com estas técnicas corremos contra o relógio. Assim que se constata a morte legal, o cérebro continua enviando impulsos elétricos durante uns instantes. E é durante este tempo quando aplicamos a vitrificação", explicou Roldán.
Críticas
O conceito de cemitério-laboratório, no entanto, não tem consenso entre os cientistas espanhóis. "Não há um só indício de que esta ressurreição seja possível", afirmou à BBC Brasil o pesquisador Ramón Risco Delgado, chefe do Departamento de Criopreservação da Universidade de Sevilha. "Em mais de 50 anos de tentativas, no máximo a ciência conseguiu reviver o rim de um coelho e o útero de um rato. Conservar um cadáver humano congelado com a esperança de ressuscitá-lo no futuro não tem sentido. É um engano absoluto", diz ele.
O doutor em Ciências Físicas e vencedor do Prêmio Nacional de Saúde da Espanha no ano 2000 foi dos poucos que conseguiu um mínimo resultado de ressurreição laboratorial de um Caenorhabditis elegans, um tipo de minhoca (nematódio) de um milímetro de comprimento que normalmente vive por apenas 10 dias. Mas a Associação Ibero-Americana de Criopreservação argumenta que os primeiros sinais das possibilidades de ressurgir já existem, e usam o exemplo dos óvulos humanos para fecundação.
Já o porta-voz da Comissão de Ética da Organização Médica Nacional disse à BBC Brasil que "não se trata de impedir os avanços da ciência, nem de criar falsas expectativas. Mas de saber quais são os limites médicos, humanos e até divinos, se for o caso".

Funerária curitibana agora oferece serviços para enviar as cinzas ao espaço

A decisão sobre o destino final das cinzas resultantes da cremação é algo que preocupa familiares dos falecidos. Na maioria dos casos, por desejo expresso ainda em vida, a opção é espalhá-las em jardins ou lançá-las ao mar, sempre em locais muito especiais para quem partiu. Mas se o planeta Terra não vai ser mais o habitat, que tal buscar o descanso eterno na órbita espacial? A partir de R$ 3.700,00, o Crematório Vaticano, de Curitiba -- primeira empresa brasileira a oferecer serviços funerários no espaço – garante que está pronto para receber interessados em terem seus restos mortais lançados na Via Láctea. Em parceria com a companhia americana Celestis Incorporated, o “funeral espacial” segue os moldes de uma cerimônia tradicional. O corpo é velado por amigos e familiares e em seguida é feita a cremação. Até aí, tudo normal. Posteriormente, parte das cinzas (30 gramas) é colocada em uma pequena cápsula que é enviada aos Estados Unidos, para a sede da Celestis, no Texas, ficando o restante à disposição da família. A cápsula com as cinzas permanece nos EUA até o lançamento do foguete que vai levá-la ao seu destino final. A viagem é feita do lado externo da espaçonave que, ao entrar em órbita, abre a urna e esparge os restos mortais no espaço. A empresa oferece hoje quatro alternativas para isso: as cinzas podem ser lançada dentro ou fora da órbita terrestre; na órbita lunar ou na superfície da Lua. A família poderá inclusive acompanhar todo o translado da cápsula do Brasil até os EUA, desde que pague os custos da viagem; pode assistir ao vivo o lançamento do foguete, que é gravado em vídeo e poderá ser exibido numa sessão em memória do falecido.
Jornada nas Estrelas
O Crematório Vaticano é o representante oficial da Celestis no Brasil, que por sua vez tem um convênio com a Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. Mylena Cooper, diretora do Crematório, afirma que até hoje nenhum brasileiro teve suas cinzas enviadas ao espaço, mas esse serviço já está sendo prestado nos Estados Unidos, no Japão e na Alemanha. “Essa é uma forma única de homenagear o ente querido que tinha paixão por astronomia, astrologia, ficção, voos espaciais ou simplesmente uma forma inusitada de homenagear quem partiu com a simbologia da proximidade do céu” , completa. Esse destino, porém, ainda é um privilégio para poucos. Gene Roddenberry, criador da série “Star Trek”, e o ator James Doohan, que interpretava o personagem Montgomery Scotty , na trilha original de “Jornada nas Estrelas” e outra lenda norte-americana, o astronauta Gordon Cooper, um dos primeiros homens a pilotar uma nave tripulada, foram alguns dos que embarcaram nessa viagem final ao espaço sideral. Quem mais deseja se juntar a eles?

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Crentes e ateus matam, mentem e roubam da mesma forma


Título original: Ler ou não ler, eis a questão

por Luiz Felipe Pondé para Folha

Dostoiévski
Você gosta de Dostoiévski? Se a resposta for "não", o problema está em você, nunca nele. Uma coisa que qualquer pessoa culta deve saber é que Dostoiévski (e outros grandes como ele) nunca está errado, você sim.

Se você o leu e não gostou, minta. Procure ajuda profissional. Nunca diga algo como "Dostoiévski não está com nada" porque queima seu filme.

Costumo dizer isso para meus alunos de graduação. Eles riem. Aliás, um dos grandes momentos do meu dia é quando entro numa sala com uns 30 deles. Inquietos, barulhentos, desatentos, mas sempre prontos a ouvir alguém que tem prazer em estar com eles. Parte do pouco de otimismo que experimento na vida (coisa rara para um niilista... risadas) vem deles.

Devido a essa experiência, costumo rir de muito blá-blá-blá que falam por aí sobre "as novas gerações".

Um exemplo desse blá-blá-blá são os pais e professores dizerem coisas como: "Essa moçada não lê nada".

Na maioria dos casos, pais e professores também não leem nada e posam de cultos indignados. A indignação, depois da Revolução Francesa, é uma arma a mais na mão da hipocrisia de salão.

Mas há também aqueles que dizem que a moçada de hoje é "superavançada". Não vejo nenhuma grande mudança nessa moçada nos últimos 15 anos. Mesmas mazelas, mesmas inquietações do dia a dia.

Nada mais errado do que supor que eles exijam "tecnologia de ponta" na sala de aula (a menos que a aula seja de tecnologia, é claro). Atenção: com isso não quero dizer que não seja legal a tal "tecnologia de ponta". Quero dizer que "tecnologia de ponta" eles têm "na balada". O que eles não têm é Dostoiévski.

O "amor pela tecnologia" é sempre brega assim como constatamos o ridículo de filmes com "altíssima tecnologia de ponta" comum nos anos 80 e 90 (tipo "Matrix"). Hoje, tudo aquilo parece batedeira de bolo dos anos 50. O que hoje você acha "sublime" na histeria dos tablets, amanhã será brega como os computadores dos anos 80.

Dostoiévski é eterno como a morte. Mas eis que lendo uma excelente entrevista com um psicólogo professor de Yale na página de Ciência desta Folha da última terça (19) encontro um dos equívocos mais comuns com relação a Dostoiévski.

O professor afirma que agir moralmente bem não depende de crenças religiosas. Corretíssimo. Qualquer um que estudar filosofia moral e história saberá que acreditar em Deus ou não nada implica em termos de "melhor" comportamento moral. Crentes e ateus matam, mentem e roubam da mesma forma.

E mais: se Nietzsche estivesse vivo veria que hoje em dia -época em que ateus são comuns como bananas nas feiras- existe também aquele que vira ateu por ressentimento.

Nietzsche acusa os cristãos de crerem em Deus por ressentimento (o cristianismo é platonismo para pobre). Temos medo da indiferença cósmica, daí "inventamos" um dono do Universo que nos ama e, ao final, tudo vai dar certo.

Quase todos os ateus que conheço o são por trauma de abandono cósmico. Se o religioso é um covarde assumido, esse tipo de ateu (muito comum) é um "teenager" revoltado contra o "pai".

Mas voltando ao erro na leitura de Dostoiévski. Do fato que religião não deixa ninguém melhor, o professor conclui que Dostoiévski estava errado quando afirmou que "se Deus não existe, tudo é permitido". Erro clássico.

Essa afirmação de Dostoiévski não discute sua crença, nem o consequente comportamento moral decorrente dela (como parece à primeira vista). Ela discute o fato de que, pouco importando sua crença, se Deus não existe, não há cobrança final sobre seus atos. O "tudo é permitido" significa que não haveria "um dono do Universo" para castiga-lo (ou não), dependendo do que você fizesse.

Claro que isso pode incidir sobre seu comportamento moral, mas apenas secundariamente. A questão dostoievskiana é moral e universal, não pessoal. Pouco importa sua crença, a existência ou não de Deus independe dela, e as consequências de sua existência (ou não) cairão sobre você de qualquer jeito. O problema é filosófico, e não psicológico.

O cineasta Woody Allen entendeu Dostoiévski bem melhor do que o professor.

Os sem-iPad



por Luiz Felipe Pondé para Folha
Você sabia que agora existe em Londres o movimento dos sem-iPad? Coitadinhos deles. Quebram tudo porque a malvada sociedade do consumo os obriga a desejar iPads... No passado todo mundo era "obrigado" a desejar cavalos, tecidos de seda, especiarias, facas, tambores, ouro, mulheres...

Como ficam as pessoas que desejam, não têm, mas nem por isso saqueiam lojas, mas sim trabalham duro? Seriam estes uns idiotas por saberem que nem tudo que queremos podemos ter e que a vida sempre foi dura? 

Esta questão é moral. Dizer que não é moral é não saber o que é moral, ou apenas oportunismo... moral. Resistir ao desejo é um problema de caráter. Um dos pecados do pensamento público hoje é não reconhecer o conceito de caráter. 

Logo existirão os "sem-Ferrari", os "sem-Blackberry", os "sem-Prada" também? Que tal um "bolsa Blackberry"? Devemos criar um imposto para os "sem-Blackberry"? 

Na Inglaterra, dizem, existem famílias que nunca trabalharam vivendo graças ao governo há gerações. É, tem gente que ainda não aprendeu que não existe almoço de graça. 

Mas esse fenômeno de querer desculpar todo mundo da responsabilidade moral do que faz não é invenção de quem hoje justifica a violência em Londres clamando por justiça social na distribuição de iPads.  
É conhecida a passagem na qual o "homem do subsolo" no livro "Memórias do Subsolo", de Dostoiévski, abre suas confissões dizendo que é um homem amargo. Em seguida, alude à teoria comum de que ele assim o seria por sofrer do fígado. Logo, a culpa por ele ser amargo seria do fígado. 

Ele recusa tal desculpa para sua personalidade insuportável e prefere assumir que é mesmo um homem mau. Eis um homem de caráter, coisa rara hoje em dia. 

Agora, todo mundo gosta de "algum fígado" (a sociedade de consumo, o patriarcalismo, a Apple) que justifique suas misérias morais.

O profeta russo percebeu que as ciências preparavam uma série de teorias que tirariam a responsabilidade do homem pelos seus atos. 

A moda pegou nos jantares inteligentes e hoje temos vários tipos de "teorias do fígado" para justificar nossas misérias morais. 

Uma delas é a teoria de que somos construídos socialmente. 

Dito de outra forma: O "sujeito é um constructo social". Logo, quebro loja em Londres porque fui "construído" para enlouquecer se não tenho um iPad. Tadinho... 

Tem gente por aí que tem verdadeiro orgasmo com essa bobagem. 

Não resta dúvida de que há algo verdadeiro na ideia de que somos influenciados pelo meio em que vivemos. 

Por exemplo, se você nasce numa favela, isso não vai passar "desapercebido" nos seus modos à mesa, no seu comportamento cotidiano e nas suas expectativas e possibilidades na vida. 

Mas aí dizer que "o sujeito é um constructo social" é pura picaretagem intelectual. Ninguém consegue ou conseguirá provar isso nunca, mas quem precisa de "provas" quando o que está em jogo são as ciências humanas, que de "ciência" não têm nada. 

Esse blábláblá não só exime o sujeito da responsabilidade moral, como abre a porta para todo tipo de "experimento" psicossocial, político ou justificativa moral, que, na realidade, serve pra qualquer um inventar todo tipo de conversa fiada em ciências humanas "práticas". 

Por que tanta gente adora essa teoria? Suponho que, antes de tudo, o alivie de ser você e coloque a "culpa" de você ser você no pai, na mãe, na escola, na vizinha, na sociedade, no consumo, na igreja, no patriarcalismo, no machismo, na cama de casal, no iPad, no diabo a quatro. Menos em você. 

Temos aí uma prova de que grande parte das ciências humanas não reconhece o conceito de caráter. 

Moral é exatamente você resistir a impulsos que outras pessoas, sem caráter, não resistem. Já leu Aristóteles? Kant? 

A "culpa" do que hoje acontece em Londres não é do consumo. Homens sempre quebram coisas de vez em quando e querem coisas sem esforço. As causas podem variar. Hoje em dia, seguramente, uma delas é que muita gente está acostumada a um Estado de bem estar social que os trata como bebês.  
A preguiça, sim, é um traço universal do ser humano. 

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

NOVO HORÁRIO DE ATENDIMENTO

Informamos o novo horário de atendimento de nosso escritório central localizado na Rua Saldanha Marinho 452, no Centro de Curitiba.

De Segunda à Sexta das 8:30 às 17:30.
Sábados das 8:00 às 12:00.

Escritório do Cemitério.
Todos os dias das 8:00 às 12:00 e das 13:30 às 17:30.

Horário de Visitação ao Cemitério:
Todos os dias das 8:00 às 11:55 e das 13:30 às 17:20.

Horário para Sepultamento:
Todos os dias das 9:00 às 11:00 e das 14:00 .

KISS lança modelo de urna funerária

Kiss letras
O KISS acaba de colocar mais um produto inacreditável no mercado. A banda de Gene Simmons anunciou o lançamento de uma urna funerária personalizada com foto e logotipo da banda. O ítem pra lá de mórbido é feita pela Eternal Image uma especialista em objetos dessa natureza. A urna custa 650 dólares e mais três modelos, além desse que você ao lado, serão lançados em breve.

Esse não é o primeiro ítem "funerário" que o KISS lança. Há alguns anos a banda tem uma linha de caixões -vendidos pela própra Eternal Image.

Esses têm naturalmente um preço mais salgado que as urnas - o modelo "standart" custa 3300 dólares e o "premium" 4 mil dólares. Moral da história? Fã do KISS gasta dinheiro com a banda até a morte.