Caso ocorreu no município de Riachão das Neves, no oeste do estado.
Polícia acredita que boatos levaram à violação da urna funerária.
As pessoas que abriram o túmulo de uma mulher mais
de 10 dias após o sepultamento, por acreditarem que ela tinha sido enterrada viva,
devem responder por violação de urna funerária, crime que está previsto no
artigo 210 do Código Penal, com pena de reclusão de um a três anos. O caso
ocorreu no município de Riachão das Neves, no oeste do estado.
A informação foi passada ao G1 na manhã desta quinta-feira (15) pelo delegado
Antistenes Benvindo, que atua como plantonista regional da delegacia de
Barreiras, também no oeste do estado, e que fez o registro do caso. Ele diz que
as investigações preliminares apontam que a situação relatada pelos familiares
não se sustenta em nenhum indício plausível.
O delegado da cidade de Riachão das Neves, Arnaldo
Alves, que assumiu a apuração do caso após registro inicial da delegacia de
Barreiras, também contou à reportagem que as informações que levaram familiares
a violarem o túmulo não passaram de "boatos".
Rosângela Almeida dos Santos, de 37 anos, estava
internada no Hospital do Oeste, em Barreiras, com um quadro de infecção
respiratória. No dia 28 de janeiro, ela teve o falecimento atestado pela
unidade médica após um quadro de choque séptico, quando a infecção se alastra
pelo corpo afetando vários órgãos.
No dia seguinte, ela foi sepultada em Riachão das
Neves. Onze dias depois do enterro, por acreditar que a mulher tinha sido
enterrada viva, um grupo abriu o caixão que tinha sido depositado em uma urna
funerária.
Investigações
Segundo o delegado Antistenes Benvindo, a mãe da
vítima estaria sonhando há dias que a filha estava viva. Após a informação de
uma moradora, de que teria ouvido gritos de dentro da sepultura, familiares
decidiram violar o caixão.
Em entrevista à TV Oeste, afiliada da Rede Bahia, a
mãe de Rosângela Almeida disse que o corpo dela foi encontrado revirado no
túmulo, com ferimentos nas mãos e testa, como se tivesse tentado sair do
caixão.
"Até aqueles preguinhos que estavam em cima
estavam soltos. A mãozinha tava ferida, como quem estava arrumando, assim,
arrumando o caixão para sair", disse Germana de Almeida.
Benvindo, entretanto, disse que as informações não
se confirmam. "Ela [a vítma] estava do mesmo jeito, intacta. O irmão dela
mesmo disse". O delegado também contou que as informações sobre ferimentos
nas mãos e na testa não são verídicas.
Sobre o relato de que o corpo da vítima estava
conservado, a polícia disse que informações médicas relatam que o uso de
antibióticos durante o internamento e o tempo chuvoso favoreceram uma
decomposição mais lenta.
O delegado também conta que a mulher foi sepultada
mais de 20 horas após o óbito e que, durante todo o processo, que envolveu
preparação do corpo para enterro e velório não houve um sinal de vida.
Uma perícia foi feita no túmulo, onde o corpo foi
recolocado, e um laudo deve esclarecer a situação. O prazo para divulgação do
documento não foi divulgado. Segundo o delegado de Riachão das Neves, que
assumiu as investigações, todos os envolvidos no caso devem ser ouvidos a
partir desta quinta-feira.