A convivência com os animais de estimação está mudando os hábitos dos
humanos, entre eles os de consumo. Não por acaso, a Associação
Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet)
registrou um movimento de R$ 18 bilhões no ano passado, 7,8% a mais do
que em 2014, em plena crise econômica. Até na hora de se despedir do
companheiro de quatro patas o comportamento mudou, e cada vez mais
“pais”, “mães” e “irmãos” humanos buscam os cemitérios para animais de
pequeno porte, que podem oferecer o sepultamento ou a cremação.
“Quando eu era criança não tinha nada disso. Cachorro comia as sobras.
Hoje tem uma alimentação balanceada. Acho altamente positivo, uma
demonstração de evolução da nossa civilização”, avalia o servidor
público Luiz Gomes Martins, 62, que utilizou os serviços de cremação do
Bosque das Águas Claras, um cemitério e crematório de pequenos animais
que fica em São Sebastião das Águas Claras (Macacos), distrito de Nova
Lima. Existem mais opções de sepultamento e crematório de animais em
Betim e Igarapé, na região metropolitana, e em Itabirito.
Os preços de cremação individual variam de R$ 700 até R$ 1.230, de
acordo com o peso do animal, até 50 kg. No caso do sepultamento, o valor
é único, R$ 1.300, mas há uma taxa de manutenção anual de R$ 130. Entre
os serviços incluídos nesses valores estão o traslado, o velório, o
certificado de cremação ou sepultamento e o memorial online, além da
urna simples ou pingente para as cinzas, no caso da cremação. “Foi muito
importante o serviço de traslado, porque fiquei atônito quando minha
cachorrinha morreu. E achei o preço bem acessível”, afirma o estudante
de direito Pedro Neto, 23, que já cremou dois “irmãos”, como ele
denomina, no Bosque das Águas Claras.
O cliente também pode optar por transmitir o velório pela internet para
que “familiares” distantes que não puderam ir até o cemitério vejam o
ritual.“Tenho clientes que fizeram o velório toda uma manhã, e vieram
oito membros da família”, conta a sócia-administradora do Bosque das
Águas Claras, Nilceia Lage.
Os itens opcionais podem fazer com que o preço inicial tenha um
incremento de até 30% no valor inicial do serviço, segundo Nilceia. Os
clientes podem escolher modelos diferenciados de urnas para as cinzas,
de caixões e de pingentes, nos quais uma parte das cinzas são
depositadas.
Economia. A
cremação coletiva é mais econômica e varia de R$ 280 a R$ 660 para
animais até 50 kg. Ele também inclui o traslado, velório, memorial
online, certificado. Porém, nesse caso, não é possível separar as
cinzas. O plano funerário é outra alternativa mais econômica já que
permite o pagamento em dez parcelas mensais.
Espaço evita contaminação
A preservação ambiental motiva a procura pelos cemitérios de animais. “Temos que ter uma preocupação com o meio ambiente e evitar contaminação”, diz a psicóloga Heliane Gomes de Azevedo, 53, que cremou a cadela Lili e ainda tem mais sete cachorros.“Mesmo quem tem espaço pode repensar se vai enterrar um animal no quintal. Isso pode contaminar um lençol freático”, explica a sócia-administradora do Bosque das Águas Claras, Nilceia Lage. (LP)
Investimento foi de R$ 2 mi
O investimento para a criação do
cemitério e crematório de pequenos animais Bosque das Águas Claras foi
de R$ 2 milhões. O empreendimento começou a ser construído há cinco
anos, mas só iniciou suas atividades em outubro do ano passado. “Demorou
porque precisávamos de várias licenças ambientais e alvarás”, explica a
sócia-administradora do Bosque das Águas Claras, Nilceia Lage.
“O mercado de pet é uma tendência
que veio para ficar. A relação das pessoas com seus animais mudou”,
afirma Nilceia. Segundo a proprietária, mesmo com a crise, o
empreendimento está no azul e fatura o suficiente para cobrir as
despesas mensais. “Imaginamos que de um ano e meio a dois anos teremos
retorno do investimento”, diz.
Nova vida. Nilceia
abriu mão de uma carreira como bibliotecária e professora de
pós-graduação para apostar no mercado pet. “Tinha um salário bom,
benefícios, mas em uma área que eu não acreditava mais. O Google acabou
com o trabalho da bibliotecária. Já esse mercado está em ascensão, muita
gente ainda não conhece, mas quem já esteve aqui ficou satisfeito”,
afirma.
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