quarta-feira, 27 de outubro de 2010

KARL KRAUS -

PERDI ALGUNS amigos nos últimos dias. Que triste. Por quê? Porque no dia 11/10, nesta coluna ("Vai encarar?"), disse que sou contra o aborto, e isso é imperdoável no mundo "inteligentinho". Mas aumentei a dose de antidepressivo e acordei melhor hoje.
Valeu a pena, muita gente "me encarou", e isso é o objetivo do colunista, não? Mas muita calma nessa hora. Nada é tão evidente assim. Muita gente acha que não é essa a função do colunista (e isso é típico da sensibilidade de classe média que domina o debate público nos últimos anos): queremos fazer e pensar o que fazemos e pensamos, mas exigimos que os outros pensem que somos "bonitinhos" em tudo o que fazemos e pensamos. A sensibilidade de classe média infantiliza o mundo.
Na realidade, hoje em dia quase todo mundo quer agradar a todo mundo. Uma praga infantil.
As crianças assim o são por "trauma" diante da própria fragilidade, como nos diz a grande escritora portuguesa Agustina Bessa-Luís em seu ensaio "Contemplação Carinhosa da Angústia". Mas um adulto o é por mera covardia e desejo de ser desejado.
Também vivo em pânico, com medo de que minha mulher me abandone e de que me achem feio. Somos miseráveis afetivos mesmo, fazer o quê...
Mas, existe luz no final do túnel. Recentemente foi lançado no Brasil, pela editora gaúcha Arquipélago, um livro fabuloso para quem, como eu, cultiva o pensamento sem medo: "Aforismos", do jornalista iconoclasta austríaco Karl Kraus (1874-1936). Iconoclasta é alguém que tem por hábito quebrar o coro dos contentes.
Por exemplo, hoje em dia, chorar por foquinhas fofinhas, ter medo das feministas, falar que somos a pior espécie do planeta e sonhar com um mundo dominado por golfinhos ou "povos da floresta" são crenças do coro dos contentes.
Eu acho o contrário: se o mundo tivesse ficado na mão dos "povos da floresta", estaríamos na idade da pedra e adorando árvores. Os portugueses "nos libertaram" das trevas.
Outro exemplo de crenças infantis é "um mundo sem guerras é possível". Essa então é de doer. Lembro-me, na minha infância, de ouvir isso no concurso de Miss Universo: "World peace" era o sonho de todas elas. Não diziam coisas muito inteligentes, mas eram bonitas e isso, para nós, homens, muitas vezes basta.
Claro que ninguém normal gosta de guerra. Mas, "gosto" nada tem a ver com isso. E também não é uma mera questão de interesses econômicos e políticos do tipo paranoia foucaultiana: "Oh! O sistema! O sistema é malvado e nos controla!". Guerras existem porque simplesmente existem razões para se odiar.
Isso é feio, mas é assim mesmo. Às vezes, não adianta "sentar e conversar". O mundo não é o que Obama pensa que seja, quando sentado em seu gabinete chique sonha com seu mundinho cor de rosa onde todos cabem como bonequinhas cor de rosa. Às vezes, e muitas vezes, infelizmente, somos obrigados a ir à guerra e matar e sermos mortos e nada vai mudar isso.
A grande mentira dos "cor de rosa" é que, por debaixo do "amor a paz" que pregam, o que existe é a afirmação de que só o que eles odeiam é que é justo.
A guerra deve ser evitada justamente porque existem razões racionais (redundância proposital) para fazermos guerras. Para algumas pessoas, em determinadas situações, o ódio é único afeto "justo".
Por exemplo, muitos fundamentalistas islâmicos nos odeiam (nós, ocidentais) porque somos o que somos: acreditamos na democracia (para eles, um regime de "mulherzinha"), adoramos dinheiro (apesar de mentirmos sobre isso), praticamos sexo como descarga fisiológica de prazer, como gatos no telhado, enfim, porque achamos o "mundo deles" o fim da picada e o nosso mundo, legal.
Comece sua semana com duas pérolas do Karl Kraus: "Isso e, apenas isso, é o conteúdo de nossa cultura: a rapidez com que a imbecilidade nos arrasta em seu turbilhão".
E mais uma: "Nada é mais tacanho do que o chauvinismo ou o ódio racial. Para mim, todos os seres humanos são iguais; há idiotas em toda parte e tenho o mesmo desprezo por todos. Nada de preconceitos mesquinhos!"
Acabe seu café da manhã. Coragem. Boa semana.

ponde.folha@uol.com.br

Homem fez sexo com cadáver de menina em Mundo Novo

O pedreiro Celso José Rodrigues Vesolovski, de 47 anos, contou à Polícia Civil que depois de matar Vitória Regina Dias Evaristo, de 10 anos, praticou sexo com o cadáver da menina. Ele foi preso em flagrante em Mundo Novo, município localizado a 476 quilômetros de Campo Grande.

Vitória foi vista pela última vez no domingo, na garupa da bicicleta de Celso. O pedreiro morava ao lado da casa da família da menina.

Celso relatou que era apaixonado pela criança há cinco anos. Ele convidou a menina no domingo para tomar banho no Rio Vitykuê e ao chegar lá, pediu a garota em namoro.

Por ter recusado o pedido, Vitória foi morta com duas facadas no abdômen e uma no pescoço. A menina demorou cerca de uma hora para morrer.

Depois de esperar que Vitória morresse, Celso praticou sexo com o cadáver. Ele enterrou o corpo da menina às margens do rio, junto com a faca usada no crime.

A casa da família de Vitória fica em uma estrada que dá acesso à BR-163. o desaparecimento da criança foi registrado pela mãe na segunda-feira às 17h23.

Celso é nascido em Campo Mourão (PR) e não possui antecedentes criminais em Mato Grosso do Sul. Ele responderá pelos crimes de homicídio doloso (com intenção de matar), vilipêndio de cadáver e ocultação de cadáver.

Limpeza de túmulos somente até 28 de outubro

Serviços de limpeza, manutenção e pequenas reformas nos túmulos dos cemitérios municipais de Curitiba - Água Verde, Santa Cândida, Boqueirão e São Francisco de Paula - poderão ser feitos até quinta-feira próxima. Depois, os cemitérios serão fechados para que as equipes da Prefeitura façam a manutenção e os preparativos para o Dia de Finados, 2 de novembro. "O prazo evita atropelos, e também dá tempo para que a Prefeitura prepare os cemitérios antes de Finados", diz o diretor de Serviços Especiais, Augusto Canto Neto.

A expectativa é de que 100 mil pessoas visitem os cemitérios públicos da capital neste feriado de Finados, onde existem cerca de 45 mil sepulturas. Tradicionalmente, os túmulos mais visitados são os de Maria Bueno (Cemitério Municipal) e Maria Polenta (Água Verde), a quem os fiéis atribuem milagres. No Cemitério Municipal Água Verde estão sepultados o artista Poty Lazzarotto, o escritor Paulo Leminski e Zilda Arns, que faleceu ano passado vitima do terremoto do Haiti.