Principal argumento de criador da lei são laços entre donos e bichos.
Enterro seria no jazigo da família, mas medida divide opiniões.


obteve para o projeto de sua autoria.
(Foto: Pedro Carlos Leite/G1)
O vereador argumenta que a cidade não oferece atualmente nenhum serviço do tipo. “Este é um assunto que também está sendo discutido na Câmara de São Paulo. A população não tem destino para dar para os animais aqui em Poá. O município tem 17 quilômetros quadrados e praticamente não tem zona rural. Conheço gente que saiu com enxada para enterrar o cachorro e não achou onde cavar. Não é obrigatatório enterrar no cemitério e não vai ter custo nenhum”, afirma.
O principal argumento são os laços emocionais que o dono cria com seu pet. “Eu conheço pessoas que choram quando o animal está doente, dá banho todo dia e diz 'vem pro papai, vem pra mamãe'. Vai dar um suporte para esse pessoal dar um final para seu animalzinho”, conta o verador, que diz também ser dono de um cão que, quando chegar a hora, será sepultado conforme seu projeto de lei.
A dona de casa Waldicléa Costa da Cruz é dona de uma pinscher chamada Mel que é a xodó da casa. Eu e meu marido não temos filhos. Ela representa tudo pra gente. A gente brinca, leva no parque”, afirma. Ela diz ser a favor do sepultamento de cães, mas de uma maneira um pouco diferente. “Eu ia gostar de que ela fosse enterrada no cemitério, mas é bom ter um espaço próprio para eles.”

O operador de empílhadeira Lealdino Ferreira de Oliveira diz que gosta de animais, mas é totalmente contra a iniciativa. “Cachorro meu eu faço buraco e enterro no quintal, mas o certo era deixar para o urubu comer porque é da natureza. Cemitério é lugar sagrado, é do descanso das pessoas”, acredita.

donos em cemitério de Poá.
(Foto: Pedro Carlos Leite/G1)
De acordo com o médico veterinário Marcos Massao Hossomi, a destinação dos animais domésticos ainda é um assunto pouco discutido. Na clínica particular onde Hossomi trabalha, em Mogi das Cruzes, os clientes são orientados a contratar um serviço especializado em sepultamento e cremação de animais. "Há cerca de cinco anos temos uma parceria com um cemitério de animais, em São Bernardo do Campo. Fora esse sei que existe também outro no Parque do Carmo. Porém, por não ser algo tão comum o serviço acaba sendo um pouco caro. Por isso, muitas pessoas acabam enterrando os animais em qualquer lugar."
O veterinário alerta que o sepultamento inadequado dos animais de estimação pode ser um risco tanto para a saúde quanto para o meio ambiente. "Não recomendo enterrar em qualquer lugar, pois todo corpo em decomposição libera substâncias que podem infiltrar no solo e contaminar água de poços e até o lençol freático", explica. "Essa proliferação de bactérias pode causar nas pessoas, entre outras coisas, intoxição e diarréia", diz Hossomi.
O veterinário ainda explica que não existe uma legislação específica que fale sobre a destinação de animais domésticos e, por isso, as clínicas veterinárias não podem impedir que o dono leve seu animal embora, mesmo morto. "Não temos como obrigá-lo a aderir ao serviço ou então segurarmos o animal. Não existe uma lei específica sobre isso. O que fazemos é orientar. Existem meios de destinação mais apropriados e seguros, mas quando o cachorro morre de alguma doença perigosa e contagiosa frisamos bem o risco. Nesses casos, 100% das pessoas optam pela cremação."
A crescente relação afetiva com os animais de estimação, nos últimos tempos, segundo Hossomi, tem feito aumentar a procura por esse tipo de serviço. "Hoje em dia as pessoas tratam os animais como se fossem da família. E o sepultamento ou a cremação se tornam uma forma de prestar uma homengam para aquele que sempre acompanhou a família", conta.