segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Líder em homicídios, Maceió tem cemitérios superlotados

Líder nacional em homicídios e considerada a terceira cidade mais violenta do mundo, a prefeitura de Maceió (AL) anunciou, nesta semana, a construção do quarto cemitério do município. A medida se deve à superlotação dos três cemitérios já existentes e da grande quantidade de assassinatos registrados. Nos finais de semana, a região metropolitana contabiliza, em média, 15 mortes, 90% delas por armas de fogo. Desses crimes, 90% são ligados ao tráfico de drogas, segundo dados da Secretaria de Defesa Social.

Pelo Anuário Brasileiro da Segurança Pública, Alagoas foi o Estado que mais registrou aumento na quantidade de assassinatos entre 2009 e 2010. O crescimento chegou a 42,8%, passando de 1.506 para 2.127 casos.

"É importante ressaltar que a superlotação é um problema antigo, mas que foi agravado ao longo dos últimos anos, com o crescimento da violência no Estado. A maior parte das pessoas assassinadas faz parte de famílias carentes, que dependem, em sua maioria, de cemitérios públicos. Não é uma crítica ao governo do Estado, mas uma triste e infeliz constatação. A violência é algo visível", disse o secretário de Planejamento do município, Márzio Delmoni.

O novo ossuário, como é chamado, será vertical - para abrigar um número maior de corpos e diminuir o impacto ambiental - e deve ficar pronto no primeiro semestre deste ano. Maceió não conta com nenhum crematório, que poderia ser uma alternativa à superlotação dos cemitérios.
Logo após a prefeitura anunciar a construção de mais um cemitério, a Câmara de Vereadores de Maceió decidiu abrir uma Comissão Especial de Inquérito para investigar a violência na capital.

Crimes sem solução
Em março, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, estará em Alagoas pela segunda vez em um ano. Na ocasião, o ministro vai anunciar mais um plano de segurança - o quarto em um ano. Técnicos dos ministérios da Justiça, Desenvolvimento Social e Saúde estão em Alagoas desde o começo do ano para propor soluções no combate ao avanço da criminalidade.

A violência alagoana não poupou nem mesmo o filho do vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Antônio Albuquerque (PT do B). Há quatros semanas, o estudante de Direito Nivaldo Albuquerque foi atingido por quatro tiros no curral da fazenda do pai, na cidade de Limoeiro de Anadia. A polícia diz que os quatro suspeitos tentaram roubar uma picape Hilux do pai da vítima. Os atiradores seguem foragidos. O jovens está internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) de um hospital local, sem risco de morrer e sem data para alta.

Túmulos são cobertos por matagal em cemitério de Várzea Grande (MT)

Zelador informou que já teve que comprar veneno com o próprio dinheiro.
Morador se diz preocupado com focos do mosquito da dengue no cemitério.



cemitério várzea grande (Foto: Ruy Barbosa/ Arquivo pessoal)Zelador disse que há seis meses a prefeitura não faz a limpeza de cemitério.
(Foto: Ruy Barbosa/ Arquivo pessoal)
Os túmulos de um cemitério localizado no bairro Jardim Maringá I, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, estão cobertos de mato e em situação de abandono. O zelador do local, Manuel Feliciano de Oliveira, reclama que há mais de seis meses a Secretaria de Infraestrutura e Obras do município não faz limpeza no cemitério.
O zelador disse ao G1 que já chegou a gastar dinheiro do próprio bolso para comprar veneno e tentar acabar com o matagal. “No Dia de Finados, veio um pessoal da prefeitura aqui e prometeu que uma equipe viria fazer a limpeza, mas até hoje não apareceu ninguém”, contou Manuel de Oliveira, que trabalha no local há 12 anos.
O cemitério possui um espaço de mais de um hectare. O vendedor Ruy Barbosa, morador do bairro, afirmou que as famílias da região se preocupam com a sujeira no local, já que o cemitério pode servir como foco de proliferação do mosquito transmissor da dengue. “Tem alguns túmulos que estão violados pela falta de segurança. Acho um absurdo essa situação porque pago meu IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) em dia”, destacou.
O G1 entrou em contato com a assessoria da Prefeitura de Várzea Grande, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno sobre o assunto.