quarta-feira, 21 de junho de 2017

Sem coveiro, família faz sepultamento de bebê no interior do Acre



A família da pequena Jhenifer Laís registrou um boletim de ocorrência contra um coveiro do cemitério São João Batista em Cruzeiro do Sul, interior do Acre. Segundo a família, o servidor teria se negado a enterrar a bebê, que morreu na sexta-feira (16), na Maternidade da cidade, após nascer prematura e passar cinco dias na UTI. Um vídeo, gravado pela família, mostra os familiares fazendo o sepultamento da menina.
“ O sepultamento foi trágico, parecia um filme de terror. Já é triste ter que enterrar uma criança, imagine ver sua própria família enterrando sua neta. Chegamos no cemitério e passamos por constrangimento. O coveiro pediu para a gente chegar ao cemitério antes da 11h, senão, ele não esperava para sepultar. Chegamos ao cemitério às 10h54. Ele já tinha saído e deixado tudo fechado”, conta a avó da menina, Maria Zilmar, de 36 anos.
O coveiro Valdecir Silva, de 53 anos, diz que não se negou a sepultar a criança. Ele afirma que tinha ido almoçar, quando a família chegou com o corpo.
“O pessoal da família está aumentando. Estou me recuperando de uma malária. Eu disse para uma senhora que estava com dificuldade de cavar a cova e ela disse que cavava. Entreguei o enxadeco, ela foi cavando e eu retirando o barro e acertando a cova com uma trincha. Quando terminamos, uma moça ligou e disse que não tinha hora para chegar ao cemitério, pois não tinha chegado o caixão”, alega.
A família diz ainda que o coveiro entregou uma enxada para que a bisavó da criança cavasse a cova.
“Mandei gravar um vídeo da minha mãe e meus familiares fazendo o sepultamento da minha neta. Espero que as autoridades punam esse rapaz. Estou indo na delegacia registrar um boletim de ocorrência. Se o coveiro estava doente, que entrasse com um atestado médico para que outro pudesse trabalhar em seu lugar”, desabafa. 


Abalada, a mãe da criança, uma adolescente de 16 anos, não quis falar sobre o caso. O coveiro afirma ainda que o sepultamento foi irregular. “Acertamos que íamos para casa almoçar. Neste intervalo, chegaram com o corpo e enterraram sem meu consentimento, de maneira irregular, sem apresentar a guia de sepultamento. Nunca me recusei a sepultar ninguém. Tenho 13 anos de trabalho e sempre atendo a todos, sem nenhuma distinção”, finaliza.

Cemitério do Campinhos é interditado pela justiça e Prefeitura presta apoio aos moradores

Prefeitura auxilia moradores na regularização do cemitério

Por ordem judicial, o Cemitério Particular do Campinhos será interditado nesta quarta-feira, 21, e cabe à Prefeitura Municipal cumprir essa liminar. Para informar a comunidade local sobre a interdição, o Governo Mais Perto de Você se reuniu na noite de terça, 20, com os moradores do Campinhos, na Escola Municipal José Lopes Viana.
Na reunião, o coordenador de Serviços Básicos, Iluminação Pública e Posturas, Ciano Filho, explicou aos presentes que a liminar de interdição do cemitério por falta de licença ambiental é de 24 de agosto 2015 e estabelece multa diária pelo não cumprimento. O problema é que nenhuma providência foi tomada pela gestão passada e o valor da multa acumulada neste período tornou-se exorbitante.  No último dia 13, o Ministério Público, em audiência com a Prefeitura e o representante dos moradores do Campinhos, acertou que o Município não pagará a multa, mas deverá fazer a interdição do cemitério nesta quarta.
Para que o cemitério volte a funcionar será necessário que se tenha uma entidade jurídica, responsável pela administração do local. Para isso, a comunidade terá o prazo de 180 dias para regularização da Associação dos Moradores do Campinhos. Outra exigência é a emissão de alvará sanitário e ambiental, no qual a associação terá mais 180 dias para requerer junto ao Município.
“Vamos ajudar a legalizar a associação, deixando à disposição uma servidora da Secretaria de Serviços Públicos que dará apoio jurídico aos moradores. O procurador ambiental do Município também está acompanhando esta questão e, a pedido do prefeito e do secretário da pasta, pretendemos que, em no máximo cinco meses, esteja tudo solucionado para a reabertura do cemitério”, afirmou Ciano Filho.
Seu Zeca do Amaral, 73, tendo nascido e vivido até o momento na localidade, comentou do valor social e pessoal do cemitério: “Eu tenho todo meu pessoal enterrado lá. Aquele cemitério é nosso, desde pequenininho eu conheço aquilo ali. Eu mesmo sinto, chego chorar, pois é nosso patrimônio. Eu quero o melhor pra nós aqui de Campinhos e estou nessa briga”.
O líder comunitário Ednaldo das Virgens, que participou da audiência com o Ministério Público, falou do apoio dado pela Administração Municipal: “Foi um ótimo apoio que veio da Prefeitura, uma coisa que a gente não esperava, que a gente não teve há vários anos e que tivemos hoje aqui com essa reunião, na qual a gente pode dizer o que a gente pensa em respeito ao cemitério. E com certeza vamos vencer essa batalha”.