quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Fotógrafo mostra como funciona o processo de criogenia

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Estilista australiana cria moda para defuntos


A inusitada "moda dos caixões" é a especialidade da estilista australiana Pia Interlandi, que desenha roupas para serem usadas por defuntos no seu enterro.
Mas uma rápida conversa com ela comprova que não se trata apenas de uma estratégia comercial de explorar o mercado da moda no outro mundo.

O trabalho incorpora ideias da morte, com seus rituais e transformações, e é resultado de uma profunda reflexão sobre a vida e nossa passagem por ela.Em seus desenhos estão intrincadas memórias da perda de parentes e de desconhecidos, assim como conhecimentos adquiridos através de experimentos científicos.

"Minha roupa é para pessoas que estejam pensando no final da vida e naquilo que valorizam", afirma à BBC Mundo.
A estilista explica que para desenhar a sua roupa leva em conta não apenas os que morrem, mas também os que ficam vivos.
"Eles (os vivos) necessitam sentir que a pessoa que morreu está protegida, que é amada, que está coberta, que não está nua", reflete.
Já para os mortos, diz, a roupa representa a segunda pele com a qual se apresentar ao outro mundo.
"Os mortos não precisam da roupa para o mesmo que os vivos – calor, proteção, comodidade. São os vivos que precisam vestir os mortos."
  •  as criações da estilista Pia Interlandia
Ciência da morte
Pia diz que, ao escolher uma roupa pensando no momento da morte, seus clientes estão aceitando a inevitabilidade biológica.
Da mesma forma, suas roupas também aceitam o mesmo princípio.
"Minhas peças estão desenhadas para se desfazer e promover a decomposição, em vez da preservação. De certa maneira, apresentam o corpo à terra", diz.
"O corpo está cheio de nutrientes, de água, de proteína. As fibras estão desenhadas para não obrigar os microorganismos a abrir caminho comendo poliéster."
Em Perth, Pia Interlandi estudou em uma instituição de arte biológica, SymbioticA, na qual artistas e cientistas trabalham lado a lado.
O experimento da estilista consistia em vestir porcos sacrificados com materiais de diversos tipos para verificar os diferentes ritmos de decomposição.

A experiência fez com que acabasse optando por trabalhar com cânhamo, uma fibra da marijuana – "que os insetos e microorganismos reconhecem como orgânico e comem rapidamente" –, e seda – "uma proteína que vem de um animal, e que é muito bela, suntuosa e adiciona qualidade aos desenhos".
Em seus experimentos Pia também usou poliéster, para ver se descompunha de alguma maneira. Comprovou que não.
"Com o algodão, se você deixar uma camiseta molhada, cresce o mofo; com a lã, se você deixá-la no armário, a traça come. O mesmo acontece com minhas roupas, mas debaixo da terra", diz.
"O que faço é usar materiais que se descompõem em ritmos diferentes: a seda toma mais tempo. Também ofereço a possibilidade de usar bordados de poliéster para as pessoas que quiserem algo que continue com o esqueleto, como o nome ou um poema."
Relações humanas
O envolvimento da artista com a temática da morte chegou a tal ponto que ela recebeu treinamento para celebrar funerais.
Pia diz que a função lhe permite explorar as relações humanas em um dos momentos mais difíceis da vida, porque o celebrante ajuda na cerimônia e ajuda os que estão de luto a falar da pessoa que morreu.
"Mas o para mim parece importante é o ritual da vestimenta, a aproximação ao corpo", conta. "A maioria das pessoas perde esse momento, porque têm medo do corpo. Pensam que, se virem o cadáver, nunca mais poderão recordar a pessoa como quando estava viva. Isto não é correto."
Para a artista, ver o corpo torna evidente que "o que quer que tenha ido embora – a alma, o espírito, o QI, ou a energia fluindo entre os átomos"
"Em minha experiência com meu avô, foi reconfortante ver que ele já não sentia dor, que o que o mantinha vivo já não estava mais lá, e que tudo o que restava era a carapuça."
"Mas é preciso proteger essa carapuça, porque existe um vínculo sentimental com ela, com a sua aparência."
Para Pia, "vestir um ser amado é um processo imensamente poderoso, e embora não seja para todos, recomendo às famílias que participem".
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Funerais curiosos tentam honrar vida e caprichos dos mortos


Arch West, criador do salgadinho Doritos, morreu no último final de semana, nos EUA, aos 97 anos. Para homenageá-lo, em seu enterro, seus parentes jogarão migalhas do famoso petisco sobre a urna com seus restos mortais.
West é uma das pessoas que ganharam destaque por conta de detalhes e curiosas homenagens envolvendo seus restos mortais. Veja outros casos:
1 – Pringles – Frederic Baur, o designer da embalagem das batatinhas Pringles, pediu que seus restos mortais fossem guardados em uma das latas cilíndricas que ele criou. O pedido foi honrado por seus filhos.
2 – 'Minuto de desordem' – Malcolm McLaren, ex-empresário da banda Sex Pistols que morreu de câncer aos 64 anos, pediu que fosse realizado um "minuto de desordem", em vez de um minuto de silêncio, em seu extravagante funeral, em 2010.
Seu caixão foi grafitado com os dizeres “too fast to live, too young to die” ("rápido demais para viver, jovem demais para morrer") e transportado em uma carruagem, ao som de Sid Vicious.
3 – Espaço – As cinzas de Gene Roddenberry, criador do seriado Star Trek, foram lançadas no espaço em 1997, em um tributo à sua obra. Como parte do funeral, os restos mortais de Roddenberry foram levados a órbita junto aos de Timothy Leary (psicólogo e entusiasta do LSD) e aos de outras 22 pessoas.
As cinzas circularam a Terra até 2002, quando reentraram na atmosfera terrestre.
4 – Tiro de canhão – Hunter S. Thompson, expoente do chamado jornalismo gonzo, teve suas cinzas disparadas de um canhão, em um tributo pago por um amigo, o ator Johnny Depp.

Caixão do empresário da banda Sex Pistols, em 2010
Malcolm McLaren pediu 'minuto de desordem' em seu funeral
5 – Maconha – O rapper americano Tupac Shakur nunca escondeu sua afinidade com a maconha. Após sua morte, seus ex-colegas de banda alegaram terem homenageado Shakur da melhor forma que podiam: em um vídeo tornado público neste ano, os músicos disseram ter misturado as cinzas do rapper com maconha, para então fumá-las.
A família negou, dizendo que as cinzas estão guardadas.
6 – Enterro na Lua – Considerado o pai da ciência planetária, Eugene Shoemaker foi um dos descobridores do cometa Shoemaker-Levy, em 1993. Seu enterro se destacou por ter sido o primeiro a ser realizado na superfície lunar, em 1999, onde foi deixada uma cápsula com seus restos mortais.
7 – Uísque e isqueiro – O cantor Frank Sinatra recebeu um típico funeral católico, mas com alguns detalhes nada religiosos. Em seu caixão foram colocados uma garrafa de uísque, um isqueiro e alguns centavos de dólar – para serem "usados", segundo relatos, para "telefonemas de emergência". Seu túmulo contém os dizeres: "o melhor ainda está por vir".
8 – Diamantes – As cinzas do geólogo Brian Tandy foram transformadas em diamantes sintéticos, em 2004, para que as pedras fossem usadas por seus familiares. Um diamante amarelo foi transformado em anel, por exemplo.
9 – Atraso – A atriz Elizabeth Taylor era conhecida por seu gosto por joias, casamentos e estilo impecável. Pouco antes de morrer, ela pediu que o serviço fúnebre fosse “elegantemente atrasado”.

"Taylor deixou instruções para que (o serviço) começasse ao menos 15 minutos depois do agendado publicamente, com o anúncio: ‘Ela queria se atrasar para seu próprio funeral’", segundo um comunicado do agente da atriz.
Cartas em homenagem a Elizabeth Taylor
Elizabeth Taylor requisitou atraso 'elegante' em seu serviço fúnebre
10 – Camisola e Ferrari – A socialite americana Sandra West, viúva de um magnata do setor petrolífero, exigiu, por escrito, ser enterrada em uma camisola, sentada no banco dianteiro de sua Ferrari azul. O pedido desencadeou uma batalha legal: seu irmão – que foi ameaçado de perder parte da herança caso não cumprisse o desejo – tentou invalidar a exigência na Justiça.
Após dois meses de impasse, um juiz ordenou que a vontade de West fosse cumprida. Ela foi enterrada em uma larga cova, vestida em sua camisola e sobre sua Ferrari.

Corpo de britânico 'enterrado' há dez anos é encontrado em necrotério


Autoridades britânicas estão investigando alegações de que o corpo de um homem morto quando estava sob custódia da polícia reapareceu em um necrotério dez anos depois de supostamente ter sido enterrado.
Em 1998, o ex-soldado paraquedista Christopher Alder, 37 anos, foi levado a um hospital depois de ser ferido em uma briga do lado de fora de um hotel na cidade de Hull, no nordeste da Inglaterra. Detido no hospital por suposta perturbação da paz, Alder foi levado à delegacia, algemado, mesmo inconsciente, e levado a uma cela, onde foi encontrado morto.
Na época, o caso teve grande repercussão no país e quatro policiais foram acusados de "racismo involuntário".
Mas agora, o Conselho Municipal de Hull disse que o corpo de Alder foi encontrado em um necrotério em Hull, no lugar em que deveria estar o corpo de uma mulher negra.
A irmã de Alder, Janet, afirma que a família está "chocada e horrorizada" com a situação.
"Estou em total choque", disse ela à BBC. "Eu realmente não posso acreditar que, depois de tudo por que nós passamos, depois de tudo por que a família passou (...), possa haver tanta incompetência", afirmou Janet.
"Isso parece ser desprezo. Isso é como adicionar insulto aos prejuízos já causados quando você está tentando tocar a sua vida adiante."
O Conselho Municipal de Hull diz estar "horrorizado e perturbado" com o erro.
"Na sexta-feira, 4 de novembro de 2011, o Conselho Municipal de Hull foi notificado de uma situação relacionada com o corpo de um homem, com mais de 30 anos, localizado no necrotério da cidade", afirmou o Conselho Municipal de Hull em um comunicado.
"O corpo estava no túmulo onde Grace Kamara foi registrado como sepultado. No momento, não podemos explicar isto", diz a nota do Conselho.
"Enquanto Grace Kamara morreu de causas naturais em 1999, o seu enterro, pago pelo Conselho, foi, por razões familiares, somente possibilitado na sexta-feira (passada). Ele foi imediatamente adiado", afirma o comunicado.
"O Conselho Municipal de Hull está horrorizado e perturbado com o que foi notificado", diz o comunicado. Segundo ele, uma investigação está sendo conduzida junto com a fundação que administra os hospitais públicos de Hull e East Yorkshire.
"No momento, a nossa principal prioridade é informar e apoiar os familiares daqueles afetados. Esperamos que mais informações sejam disponibilizadas posteriormente", afirma a nota do Conselho Municipal.

'Morte trágica'

A morte sob custódia de Alder provocou investigações, em 2006, por duas comissões independentes. Uma descobriu um erro nas informações compartilhadas entre a equipe do hospital que atendeu o paraquedista e a polícia, e pediu uma maior cooperação.
A outra, realizada pela Comissão Independente de Reclamações da Polícia (IPCC, sigla em inglês), concluiu que quatro policiais eram culpados pela "mais séria omissão do dever" em relação à morte. A IPCC acusou os policiais de "racismo involuntário".
Em 2002, cinco oficiais de polícia do condado de Humberside tinham sido julgados pelo caso, acusados de homicídio e má conduta no exercício de dever público. Eles foram absolvidos de todas as acusações.

Empresa holandesa recicla implantes de metal retirados de corpos cremados


Com o aumento na longevidade da população e o progresso de tecnologias associadas à medicina, mais e mais pessoas estão recebendo implantes cirúrgicos antes de morrer. Também há cada vez mais pessoas sendo cremadas, o que resulta em um aumento na quantidade de metais caros presentes entre as cinzas após a cremação. Para onde vai tudo isso?
OrthoMetalsMaterial reciclado pela OrthoMetals é usado para fabricar carros, aviões e turbinas eólicas

"Você diz às pessoas o que faz para viver e elas pensam: 'Que estranho!'", disse Ruud Verberne.
Verberne é co-fundador da OrthoMetals, uma empresa que recicla implantes de metal de corpos humanos cremados. Tudo, de pinos de aço a quadris de titânio e joelhos de cromo.
"Alguns metais podem ser separados (das cinzas) com o uso de imãs. O resto tem de ser feito manualmente".
Estranho - e, para alguns, até macabro -, mas esse filão da indústria de reciclagem está em crescimento.
"Sei da existência de cinco ou seis concorrentes, a maioria deles nos Estados Unidos", disse o empresário, cuja companhia tem sede na cidade holandesa de Zwolle. "Mas fomos os primeiros".
Verbenne trabalhou muitos anos fazendo reciclagem de alumínio. Em 1987, conheceu Jan Gabriels, um cirurgião ortopédico. O médico lhe perguntou o que acontecia aos implantes de metal que colocava nos pacientes após eles morrerem.
Verbenne não fazia ideia mas depois de algumas investigações, descobriu que os artefatos eram jogados fora. "Eles eram simplesmente enterrados", disse.
O valor de implantes recolhidos de um crematório é uma pequena porcentagem do seu valor antes da cirurgia, mas eles são feitos de metais de boa qualidade que vale a pena reciclar.
"A operação para reposição de um quadril pode custar cerca de US$ 8 mil", ele explicou.
"Mas o valor do material usado é talvez, por kilo, cerca de US$ 16. E um kilo equivale a cinco quadris!"
Em 1997, Gabriels e Verberne fundaram a OrthoMetals. Hoje, 15 anos mais tarde, a empresa recicla anualmente mais de 250 toneladas de metal proveniente de crematórios. O material é usado para fabricar carros, aviões e até turbinas eólicas.
A companhia recolhe os implantes de metal gratuitamente. Existe um cuidado especial para assegurar que o produto é derretido e não simplesmente reutilizado.
Ruud Verberne

Fundador diz reciclar de tudo, de pinos de aço a quadris de titânio e joelhos de cromo

Causa nobre


Após a dedução dos custos, entre 70 e 75% da renda é devolvida aos crematórios. A ideia é que o dinheiro seja empregado em projetos beneficentes.
"Na Grã-Bretanha por exemplo", ele disse. "Pedimos cartas das entidades que receberam dinheiro da organização com que trabalhamos no país e vemos que a quantia que transferimos foi destinada à caridade. É um tipo de sistema de controle que temos".
Henry Keizer administra um fundo beneficente batizado em memória de um holandês cremado em 1913 - Dr Vaillant.
Ele disse que o fundo ajudou crematórios holandeses a distribuir dinheiro recebido da OrthoMetals para auxiliar causas diversas, como pesquisas sobre o câncer ou a manutenção de bibliotecas escolares.
"Eu acho que a reciclagem de implantes e de articulações artificiais é uma ideia excelente", ele diz. "Agora nós vamos usá-los para bons propósitos, para fundos e para pessoas que fazem atividades sociais que são extremamente importantes."
Michael Donohue, diretor de uma casa funerária no Estado americano da Pensilvânia, encontrou a OrthoMetals por meio de uma busca no Google, quando a sua empresa construiu recentemente o seu forno crematório.

"Antes que nós realmente começássemos a operar, o nosso maior dilema era: o que vamos fazer com os restos de metal deixados no fim do processo?", diz Donohue.
Agora, os implantes cirúrgicos recuperados vão para a Holanda para serem reciclados.
Donohue diz que sua equipe é franca com os familiares dos mortos sobre isso. "Nós somos honestos com eles, e dizemos que qualquer dinheiro que nos é dado vai para organizações locais, e eles adoram saber que algo de seus entes queridos está sendo bem aproveitado."
Relativamente poucas pessoas são cremadas nos EUA, pelos padrões internacionais - a percentagem atualmente está em 40%, embora a tendência seja de alta e haja algumas grandes variações geográficas.
Números recentes mostram Havaí e Nevada perto de 70%, mas o Mississipi tem menos de 10% de cremações. Isto pode ser uma marca de status sócio-econômico, diz Verberne. As estatísticas tendem a mostrar as pessoas mais pobres preferindo enterros.
Na Holanda, terra natal de Verberne, cerca de 57% dos corpos são cremados. A Grã-Bretanha é o maior cremador da Europa, com 73%. E desde que a Igreja Católica flexibilizou a sua oposição à cremação, a empresa cresceu em países como Itália e Espanha. No total, a OrthoMetals opera em 15 países.
Verberne tem algumas ideias sobre por que os índices de cremação estão crescendo em muitas partes do mundo.
"Duas razões são espaço e custo", diz. Um enterro tradicional pode custar quatro vezes mais que uma cremação. E em relação ao espaço, uma pesquisa mostra que 750 enterros ocupam até um acre (cerca de 4 mil metros quadrados) de terra.
Verberne também identifica algumas mudanças culturais. "Tempos atrás, a família visitaria um túmulo para ver o papai ou a mamãe", diz. "Hoje, eles espalham as cinzas e estão livres. Eles não querem obrigações."
Verberne não tem implantes metálicos, mas ele aponta para a mulher de seu sócio, que está ajudando a separar pedaços de metal na usina de reciclagem.
"Ela tem duas próteses de titânio no quadril", ele diz. "E uma vez perguntaram a ela: 'Não é estranho que você saiba que, um dia, seus quadris vão passar por essa esteira'? Ela disse: 'Não, isso é só parte da vida. Você vai morrer, e eu sei que reutilizar metais é uma coisa muito boa, então não tem nenhum problema', e ela acrescentou: 'O quadril da minha mãe estava aqui também'."