sexta-feira, 7 de junho de 2013

Dois artigos colocam crematório de Joinville em debate

 

Presidente do Ippuj e vereador Mauricinho ampliam a visão sobre a discussão polêmica

Dois artigos colocam crematório de Joinville em debate Salmo Duarte/Agencia RBS
Crematório está sendo construído entre a rua Tuiuti e a Avenida Santos Dumont, no Aventureiro Foto: Salmo Duarte / Agencia RBS
Na edição de quarta-feira, o “AN” publicou reportagem sobre a polêmica em torno da construção do primeiro crematório de Joinville, previsto para o bairro Aventureiro. O conteúdo esclareceu dúvidas, desfez mitos, mostrou que o projeto segue os parâmetros da legislação e antecipou que a obra deve ficar pronta em seis meses. No AN.com.br e no Facebook, dezenas de leitores manifesfaram suas opiniões sobre o assunto. A maioria destacou a importância da obra para a cidade.

Para ampliar este debate, o jornal convidou o presidente da Fundação Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville (Ippuj), Vladimir Tavares Constante, e o vereador Mauricinho Soares (PMDB), que está liderando um abaixo-assinado na comunidade, para dizerem por que são a favor e contra a obra, respectivamente.

MURAL: O que você acha da instalação de um crematório em Joinville?

Por que no AventureiroA atividade de crematório está prevista para ser implantada em diversas áreas de Joinville, conforme a lei 312/2010, que regra o uso e ocupação do solo em nossa cidade. São áreas possíveis de implantação desta atividade as denominadas zonas de proteção das faixas rodoviárias (ZPRs), as zonas industriais (ZIs) e as zonas de corredor diversificado (ZCDs).

O caso específico do futuro crematório de Joinville encontra-se na ZPR2, zona esta que acompanha a avenida Santos Dumont, nos dois lados da via, desde a rua Tenente Antônio João até a rua Tuiuti. Desta rua até o aeroporto, no lado norte, encontra-se a ZI, onde também é permitido o uso do crematório. Já o lado Sul, no bairro Aventureiro, é uma zona residencial multifamiliar em área de uso restrito (ZR4) e não é permitido o uso em questão.

Neste sentido, vale dizer que a lei em vigor previu este uso em áreas não residenciais após 2007, quando pela primeira vez este serviço tentou ser implantado em Joinville. Esclarecemos que se trata de um empreendimento de iniciativa privada de empresa especializada que deve cumprir todas as exigências legais relacionadas às licenças de instalação e operação de equipamentos de acordo com as normas ambientais e sanitárias. A Prefeitura de Joinville, cumprindo suas atribuições por meio de seus órgãos competentes, fará rigoroso acompanhamento da implantação e operação do crematório.

O crematório é uma atividade institucional, não poluidora e de baixo impacto sobre a mobilidade. Quando comparada a atividades como aeroporto, cemitério, indústrias, igrejas e centro de eventos, que estão naquela região, o impacto é bem menor. Quanto a um lugar específico para implantação deste serviço, em várias cidades os locais são os mais diversos, mas entende-se que esta é uma atividade que não deve ser locada em áreas estritamente residenciais, o que não é o caso da localização aqui em Joinville.

Ademais, outras argumentações a favor e contra esta atividade já ultrapassam o debate urbanístico e não devem suplantar a boa técnica e a legalidade.


Por que não no AventureiroAcompanho a opinião da maioria dos moradores da região onde está sendo construído o crematório porque entendo que trará transtornos ao trânsito local, em função de a avenida Santos Dumont ser uma via com grande fluxo de veículos tanto para o aeroporto quanto para as regiões do Jardim Paraíso e do Aventureiro.

Sobre a questão do trânsito, o principal argumento contrário da comunidade é com o agravamento de uma situação problemática que já se registra atualmente. O tráfego, preocupam-se os moradores, ficará ainda mais complicado em função dos cortejos fúnebres naquela direção, principalmente nos horários de grande tráfego de veículos.

Outro questionamento da comunidade a respeito da localização do crematório na região do Aventureiro diz respeito ao impacto de vizinhança. Os empresários locais afirmam que se sentirão constrangidos, pelo fato de passarem a ter nas proximidades uma atividade indesejável do ponto de vista social.

Destaco que não sou contra a instalação de um crematório em Joinville, porém, o local adequado para a construção é às margens da BR-101, onde não haverá problemas com a mobilidade e com a vizinhança.

Disponibilizei minha assessoria, junto com os empresários e lideranças do bairro Aventureiro, para coletar assinaturas da comunidade local, e até ontem havia conseguido aproximadamente cinco mil adesões ao documento contrário à obra na avenida Santos Dumont.

Os empresários e as lideranças comunitárias também alegam que o processo para instalação do crematório foi feito à revelia, sem uma ampla discussão sobre o assunto, e que houve uma audiência pública no Jardim Paraíso sem que a comunidade local tivesse ciência.

Portanto, faltou a participação maciça dos moradores daquela comunidade. Também há muitas dúvidas sobre o estudo de impacto de vizinhança para a implantação deste crematório.