Conforme o agente funerário Janiel Campos Ferraz, a empresa removeu o corpo do idoso Francisco das Chagas Costa Moraes, de 79 anos, por volta das 6h30, após ele ser declarado morto naquela madrugada. Por volta das 8 horas, enquanto o agente limpava o cadáver para iniciar os procedimentos funerários, percebeu algo estranho.
“Vi que ele estava respirando bem fraquinho e ao observar melhor percebi a boca dele mexer, o lábio estava tremendo com a saída de ar”, relatou. Imediatamente, em meio ao desespero, os funcionários da empresa telefonaram para o Samu e uma equipe chegou oito minutos depois. Neste período, o agente ainda tentou realizar uma massagem cardíaca em Francisco.
“A médica (Samu) ainda ouviu fracos batimentos com o estetoscópio, mas quando colocou outro aparelho no dedo dele já não acusou mais nada”, informou Janiel acrescentando que, conforme a explicação da médica que fez o atendimento, os batimentos poderiam ter sido ouvidos em decorrência da massagem cardíaca.
Após uma hora conversando com a equipe da funerária e analisando o caso, a equipe do Samu deixou o local, dando o idoso como morto. Procurada pela Reportagem, a coordenadora do Samu em Marabá, Valtenice Vieira, informou que a equipe que atendeu à ocorrência informou que o paciente já não possuía mais sinais vitais no momento do atendimento. “Ele estava em óbito”, afirmou.
Após o atendimento, Janiel ainda considerava a situação estranha, já que nunca havia ocorrido nada parecido no local, e decidiu comunicar a Polícia Civil. Um boletim de ocorrência foi registrado na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil e a diretora da Seccional, delegada Simone Felinto, determinou o exame cadavérico por parte do IML e deve acompanhar o caso.
O laudo oficial sobre a causa da morte, que pode apontar também em que horário aproximadamente ela ocorreu, só será emitido em aproximadamente 30 dias, mas, em conversa com o diretor do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, Augusto Andrade, que também é perito, o profissional explicou ao CORREIO o que pode ter ocorrido no caso em questão.
Conforme ele, um cadáver apresenta rigidez total até seis horas após a morte. Passado esse período, até aproximadamente 15 horas após o óbito ele volta a ficar flácido para o início da decomposição e neste período os gases ou secreções que existirem no corpo podem se movimentar e causar a saída de ar. De acordo com Andrade, ao que tudo aparenta, o idoso morreu por complicações no pulmão, que continha bastante secreção.
“Os espasmos podem estar associados ao problema pulmonar dele”, comentou o perito, acrescentando que o caso foi assistido por dois médicos legistas que realizaram a necropsia por volta das 13h30 de quinta e, preliminarmente, tudo indica que o idoso já estivava morto quando saiu do hospital.
O Jornal não conseguiu contato com os familiares de Francisco, mas apurou que o idoso estava em Parauapebas, visitando um filho, quando passou mal e foi internado no hospital local. De lá, com o agravamento do seu caso, ele foi transferido para o Hospital Regional, em Marabá, onde passou cinco dias até morrer. O corpo foi trasladado para Imperatriz, no Maranhão, onde o idoso morava e foi sepultado.
SAIBA MAIS
Em nota divulgada nesta sexta-feira (20) pela assessoria de comunicação do Hospital Regional, a direção informa que só irá se pronunciar sobre qualquer evento que pode ter ocorrido após a saída do corpo do paciente de hospital depois de receber o laudo do Instituto Médico Legal (IML), em até 30 dias.