quarta-feira, 4 de julho de 2012

Crematório público de Pinhais inicia atividades



POSTADO EM 03/07/2012
Entregue à população, o espaço é uma das referências do setor em toda a região sul do país
Com quase quatro anos de funcionamento e 372 famílias atendidas, o Complexo Cerimonial de Pinhais deu início, na tarde da última sexta-feira (29), às atividades do crematório público da cidade. Sob a administração da Prefeitura em parceria com o Crematório Vaticano, que detém a concessão do serviço, trata-se de uma alternativa viável aos sepultamentos tradicionais, oferecida sem custos à população comprovadamente carente do município. Pioneira no Estado, a iniciativa coloca Pinhais à frente de grandes centros como Curitiba, Maringá e Londrina, por exemplo, que ainda não oferecem esse tipo de possibilidade aos seus habitantes.
Por estar localizada em uma região majoritariamente formada por mananciais, a cidade teve de cumprir uma série de exigências ambientais para viabilizar o empreendimento. Com isso, além da aquisição dos equipamentos necessários ao processo - como o forno incinerador, que dispõe de um sistema especial de tratamento dos gases antes de sua liberação no meio ambiente, entre outras coisas - o município também precisou estabelecer o serviço em lei, de modo a evitar transtornos antes, durante ou depois das cremações. Entregue à população, o crematório público de Pinhais é hoje uma das referências do setor em toda a região sul do país.
Para o secretário de Desenvolvimento Sustentável de Pinhais, David Lachowski, o início das operações do crematório municipal é uma conquista para toda a cidade. "Além de protegermos o meio ambiente dos riscos da contaminação oriunda do processo de decomposição de uma pessoa falecida, Pinhais também ganha em espaço físico, fator preponderante já que a cidade é a menor do Estado". Segundo ele, disponibilizado o serviço, começa agora um período de adaptação da população e de mudança cultural em relação ao assunto. "É claro que não se pode desrespeitar a vontade daqueles que preferem sepultar o corpo de um ente querido, mas esperamos que, aos poucos, as pessoas compreendam que o mais importante é a lembrança daqueles que amamos".
Já para a secretária de Assistência Social, Luciane Paz, cuja equipe trabalha de modo vinculado ao Complexo Cerimonial de Pinhais, através da análise dos casos e da liberação do auxílio funeral, além de ser mais ecológica, a cremação é também uma forma de respeito à pessoa falecida. "Muitos são os casos em que os túmulos acabam completamente abandonados, seja porque a família mudou de cidade, seja por falta de tempo ou qualquer outro motivo", argumenta. "Com as cinzas, ao contrário, isso não acontece tanto, já que a família pode depositá-las em um local especial e onde estará sempre presente", completa.
Mas além dos benefícios sociais e ambientais, há também a questão econômica. De acordo com a gerente do Crematório Vaticano, Mylena Cooper, outra vantagem em optar pela cremação é que o custo é bem menor que o de um sepultamento tradicional. "Enquanto o valor médio desse tipo de processo gira em torno de R$ 2 mil, os sepultamentos custam a partir de R$ 5 mil, e isso sem contar as taxas anuais e de procedimentos". Talvez por isso é que, nos últimos anos, a procura por esse tipo de serviço tenha aumentado tanto. "Percebemos que o número de cremações no Paraná tem crescido cerca de 40% ao ano, o que nos mostra que as pessoas estão mais conscientes e atentas, mesmo quando o assunto é a morte", conclui.
Processo
No momento da incineração, o corpo é lançado ao forno dentro do caixão fechado e submetido a temperaturas entre 800 e 1.000 graus, num processo que dura aproximadamente duas horas. Depois de cremado, a estrutura de uma pessoa adulta fica reduzida a cerca de dois quilos de cinzas, compostas por partículas inorgânicas, que são os minerais presentes nos ossos. Completamente livre de microorganismos, o volume de resíduos é entregue aos familiares, que decidem qual o melhor local para armazená-lo ou espargi-lo.
Histórico
Os primeiros registros dessa atividade foram encontrados na Europa da Idade da Pedra, quando as crenças giravam em torno da relação do fogo com um Deus e da purificação da alma através das chamas. Com o surgimento do budismo, a ideia da cremação foi difundida pelo mundo e alcançou países como o Japão e a Índia, por exemplo. Mais tarde, com o aparecimento do cristianismo, a prática sofreu grande declínio e passou a receber uma conotação negativa, ligada à ideia de inferno.
Só em 1963, durante o Concílio Vaticano II, é que a Igreja Católica revogou a proibição da cremação para os seus fieis. A partir de então a atividade passou a se fortalecer ao redor do mundo, tanto que hoje é aceita na maioria das religiões e países, principalmente os da Ásia e Europa.
No Brasil, a regulamentação dessa técnica foi realizada por lei em 1973, uma década depois do Concílio Vaticano II, no qual a Igreja Católica revogava a condenação religiosa do processo. Atualmente, no país, existem cerca de 30 crematórios em pleno funcionamento, e destes, apenas três pertencem à administração pública: nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Pinhais.
Complexo Cerimonial
Além do crematório, o Complexo Cerimonial de Pinhais também abriga um cemitério vertical com 360 túmulos e um columbário com quase 900 nichos para armazenar urnas com cinzas. Com área total de 1,5 mil metros quadrados, a estrutura também possui um cruzeiro para velas e acomodação de flores, dois ossuários, uma capela ecumênica e um hall, onde são realizadas as cerimônias de despedida.
Auxílio-funeral
Para requisitar os serviços de sepultamento e cremação gratuitos, o interessado deve procurar o Centro de Referência em Assistência Social (Cras) da sua região. Para saber o endereço e os bairros que cada unidade atende, clique aqui. A análise dos critérios para a concessão do auxílio funeral é feita com base na resolução municipal nº 26/2011, do Conselho Municipal de Assistência Social, conforme a legislação vigente.
Serviço
O crematório público de Pinhais integra as dependências do Complexo Cerimonial de Pinhais, que fica na rua Nova Esperança, número 1.300, no bairro Emiliano Perneta. Mais informações pelo telefone (41) 3912-5624.