quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Vídeo sobre novo sistema de inumação

Investigação indica identificação errada em 6,6 mil túmulos nos EUA


Uma investigação nos Estados Unidos estima que até 6,6 mil túmulos do Cemitério Nacional de Arlington, o principal cemitério militar do país, possam conter erros de identificação.
São túmulos com problemas de registro, sem identificação ou com identificação errada nos mapas do cemitério.
O escândalo sobre os túmulos com erros de identificação já havia sido revelado no mês passado, quando uma investigação das Forças Armadas estimou que 211 túmulos apresentassem problemas.
Nesta quinta-feira, porém, em audiência no Congresso, a senadora democrata Claire McCaskill (Missouri) disse que o número é bem superior, e pode chegar a 6,6 mil túmulos.
Responsabilidade
Na audiência, o ex-superintendente do cemitério, John Metzler, disse aceitar "total responsabilidade" pelo pelos erros e pediu "sinceras desculpas" aos familiares das pessoas enterradas em Arlington.
No cemitério de Arlington, localizado nos arredores de Washington, estão enterradas cerca de 330 mil pessoas, entre elas muitos veteranos da Segunda Guerra Mundial e das guerras na Coreia, no Vietnã, no Iraque e no Afeganistão.
Arlington também abriga o túmulo do presidente John F. Kennedy.
Mais de 30 enterros são realizados por dia no cemitério, a maioria em solenidades militares.
Falta de recursos
O ex-superintendente do cemitério depôs no Senado ao lado de seu vice, Thurman Higginbotham.
Metzler alegou falta de recursos e disse que cortes em sua equipe o obrigaram a recorrer a funcionários terceirizados e que não tinha controle sobre o funcionamento do sistema.
"Eu não estava feliz com a maneira como o sistema funcionava", disse Metzler, que foi demitido após 19 anos no comando do cemitério, depois que as denúncias de erros de identificação vieram à tona.
Iinvestigadores afirmam que problemas de relacionamento entre os dois administradores teriam contribuído para os erros.
Metzler também foi criticado por não ter relatado anteriormente os problemas de identificação.

Britânicos desvendam mistério de cova com 51 crânios



Imagem da cova com 51 caveiras em Dorset (Oxford Archaeology/Dorset County Council/NERC)
Vikings teriam sido decapitados com vários golpes de espada por anglo-saxões
As ossadas de 51 pessoas decapitadas encontradas no sul da Grã-Bretanha em junho do ano passado foram identificadas como pertencendo a povos vikings que habitaram o país na virada para o segundo milênio.
Desde que a cova foi encontrada em junho de 2009, durante a construção de uma rodovia no condado de Dorset para os Jogos Olímpicos de Londres-2012, arqueólogos vinham tentando desvendar o mistério da identidade daqueles ossos e por que os crânios estavam separados do restante dos corpos.
"Havia muito pouca evidência no local, além de alguns cacos de cerâmica. Para descobrir a data daqueles restos mortais nós enviamos uma amostra dos ossos para uma datação por carbono e espantosamente a data que retornou é do final do período saxônico", disse o arqueólogo David Score, que liderou a equipe do instituto de arqueologia britânico Oxford Archaeology, que desenterrou as ossadas.
A partir do teste do carbono-14, os cientistas concluíram que aquelas pessoas foram mortas entre os anos 910 e 1030.
Nessa época, os anglo-saxões sofriam com as constantes incursões de povos vikings na Grã-Bretanha e conflitos entre líderes dos dois lados por controle da região eram comuns.
"O local do enterro era comumente usado para execuções naquela época", acrescenta Score. A dúvida que permanecia, portanto, era se os executados eram saxões ou vikings.
Análise dentária
Análise de uma ossada de Dorset (Oxford Archaeology/Dorset County Council/NERC)
Análises dos dentes revelaram que as ossadas eram vikings
Mas as análises dos dentes de dez daquelas ossadas mostraram que aquelas pessoas cresceram em países de clima mais frio do que o britânico. Os cientistas descobriram isso a partir da composição do esmalte dos dentes, influenciada pela água que a pessoa ingeriu quando criança.
O Laboratório de Geociências de Isótopos (NIGL) da agência geológica britânica explica que os países escandinavos, como Noruega e Suécia, possuem um clima mais frio do que a Grã-Bretanha, o que gera um tipo distinto de assinatura dos isótopos no esmalte dos dentes.
Os estudos também mostraram que os donos daquelas ossadas tinham uma alimentação rica em proteínas, que se assemelha a de povos da Suécia
"Trata-se de uma descoberta fantástica. É o maior grupo de estrangeiros que nós já identificamos usando isótopos", disse Jane Evans do NIGL.
"Descobrir que os jovens homens executados eram vikings é uma novidade eletrizante", disse Score.
Execução
Com base nas cerâmicas encontradas na cova, os arqueólogos suspeitaram inicialmente que as ossadas datavam de um período entre 800 a.C. e 43 d.C., ou seja, entre a Idade do Ferro e o início da era romana.
Mas os exames do Carbono-14 provaram que os restos mortais eram muito mais recentes.
Os cientistas sabem também que a maioria dos ossos pertencia a adolescentes e jovens, que seriam altos e teriam boa saúde. Há também a suspeita de que eles tenham sido mortos ou enterrados nús, porque não há vestígio de roupas ou adornos na cova.
A forma como suas cabeças foram separadas de seus corpos revelou que eles não foram executados com um machado apropriado para a tarefa, que faria a decaptação em um único golpe. As vítimas teriam sido mortas com sucessivos golpes de espada.

Espanha resgata tradição de mulheres pagas para chorar em enterros


Um ofício da Idade Média extinto há dois séculos está sendo resgatado na Espanha para salvar a economia de muitas donas-de-casa em tempos de crise. Com a condescendência de sacerdotes católicos de paróquias rurais, estão de volta as carpideiras, mulheres que recebem dinheiro para rezar e chorar por mortos desconhecidos.
A tradição europeia das carpideiras, que atuam em dias de Finados, enterros, missas e datas como aniversários de mortes, foi proibida no século 18. No entanto, com a crise econômica mundial, parte do clero espanhol decidiu ser mais flexível, permitindo que as famílias consigam um dinheiro extra.
"Não se trata de mudar a lei, nem desobedecer à Igreja Católica, mas, se pudermos entre todos dar uma mãozinha a quem precisa, é um ato de caridade cristã", disse à BBC Brasil o padre Antonio Pérez, responsável pela paróquia de Campanário, em Bajadoz (oeste da Espanha).
Na paróquia de Nossa Senhora de Assunção em Campanário, o serviço de carpideiras vem sendo anunciado durante as missas nos últimos três meses.
O sacerdote não só informa aos fiéis sobre o serviço como ainda avisa as "rezadeiras choronas e gemedeiras" (como são conhecidas as carpideiras) quando algum dos 5 mil habitantes da cidade está doente e em risco de morte.
Para rezar e chorar por um morto desconhecido, as mulheres recebem entre 20 e 30 euros (cerca de R$ 60 a R$ 90) por dia.
Em datas como o feriado de Finados, o trabalho inclui ir ao cemitério, lustrar a lápide, trocar as flores, rezar e recitar salmos pelo morto.
Vocação
"O que eu faço é por vocação. Rezar, rezo todos os dias. O dinheiro, não vou dizer que não ajuda agora que a coisa está como está", conta Facunda Santiestéban, de 64 anos, estreando no ofício de carpideira profissional em 2009.
Facunda afirma que, por sua presença constante nas missas, muitas pessoas lhe pediam orações e pagavam com presentes.
"O padre conversou comigo e passou a entrar um dinheiro que não dá para muito, porque para ficar rica tinha que morrer uns sete por dia, mas ajuda a pagar algumas contas", diz a carpideira à BBC Brasil.
Ao contrário das profissionais da Europa medieval que gemiam alto, chegando a rasgar parte das roupas, davam socos no peito e até arrancavam fios de cabelo durante as atuações nas missas e funerais, as novas carpideiras do século 21 são discretas e rezam em silêncio.
Foi por estas encenações, consideradas escandalosas pelo Vaticano, que o ofício passou a ser perseguido a partir do século 13, até a proibição no século 18.
A Igreja Católica ameaçou de excomunhão a quem continuasse chorando e gemendo alto por um morto desconhecido em troca de dinheiro, também porque as atuações assustavam os fiéis e incomodavam os sacerdotes que tinham de gritar para ser escutados durante as cerimônias.
Descontos
Apesar da proibição, em algumas cidades rurais de províncias espanholas como Extremadura, Galícia e Canárias, o ofício se manteve escondido das autoridades eclesiásticas de Roma.
Ángela Díez Compostrana, de 63 anos, é carpideira profissional desde os 21 na cidade de Casar de Cáceres. O trabalho dela vai da oração de salmos e acender velas até cuidar de trâmites legais e documentos do morto para a família.
"Tem gente que não pode ou não quer fazer essas coisas. Tem famílias que saíram da aldeia e custa trabalho vir aqui para isso. Então faço minha parte e ainda uso minha fé para ajudar essa alma a estar em paz", argumenta Ángela à BBC Brasil.
"Com a crise, o serviço aumentou um pouquinho. Algumas famílias deixaram de vir, porque viajar sai mais caro do que me chamar. Mas também me pediram descontos. Até por 10 euros (R$ 30) trabalhei, porque está apertado para todo mundo."

Esgotamento de vagas em cemitérios leva britânicos a buscar funerais alternativosTítulo da postagem


Para muitos, a ideia de descansar eternamente, ao lado dos seus entes queridos, quando sua hora chegar, é confortante.


Na Grã-Bretanha, porém, a terra está cada vez mais cheia.
Seu eu quisesse ser enterrada perto dos meus parentes no cemitério Yardley, no sul de Birmingham, isso não seria possível. Lá, o espaço acabou em 1962.
Da mesma forma, eu teria dificuldade em encontrar um lugar perto de Halesowen, também na região de Birmingham, onde está enterrado um outro ramo da família.
Ali não há mais espaço no subsolo e um outro cemitério na área deve ficar lotado dentro de quatro anos.
E se eu seguisse para o sul? Morei na cidade costeira de Brighton durante um tempo e a ideia de ser enterrada perto do mar parece agradável.
No entanto, quatro dos sete cemitérios administrados pela prefeitura de Brighton and Hove já estão lotados e dos três restantes, um é exclusivamente para judeus ortodoxos.
Restam-me duas opções em potencial, mas como pretendo viver até os cem anos, ainda faltam 72 anos até que possa ocupar o meu lugar, o que diminui bastante as chances de que ainda existam espaços vagos até lá.
A escolha do local onde irei descansar por toda a eternidade perde sua conotação mórbida e mais parece um desafio logístico.
"
A escolha do local onde irei descansar por toda a eternidade perde sua conotação mórbida e mais parece um desafio logístico"
Lucy Townsend
Eu poderia ser cremada, como acontece com a maioria dos britânicos, e ter minhas cinzas jogadas ao vento. Uma outra opção seria doar meu corpo para pesquisas científicas.
Uma nova alternativa, que chegou recentemente à Grã-Bretanha, é o método Promession.
Tido como uma solução ecológica para o problema, ele funciona da seguinte maneira: meu corpo seria congelado a -18ºC, depois submerso em nitrogênio líquido a -196ºC e chacoalhado até se despedaçar.
Quaisquer metais que eu trouxesse no meu corpo, como obturações dentárias ou uma prótese de quadril, seriam extraídos e reciclados, e meus restos orgânicos seriam jogados na terra, dando continuidade ao ciclo da vida.
Mas nem todos considerariam essas alternativas. Por motivos religiosos ou outros, um enterro convencional seria a única opção para 30% da população britânica..
Pragmatismo
Em algumas das cidades mais populosas do país, a situação está ficando séria.
"Francamente, não temos mais espaço", disse Barrie Hargrove, da prefeitura regional de Southwark, no sul de Londres. O cemitério local deve ficar lotado em três meses.
Parlamentar ligado ao Ministério do Meio Ambiente, Hargrove vem procurando soluções para o problema.

Entre as soluções mais criativas disponíveis está o método conhecido em inglês como "dig and deepen" (cavar e aprofundar, em tradução literal), em que os restos mortais são retirados do local e enterrados em pontos cada vez mais profundos, criando espaços para a inserção de novos caixões.
Hargrove disse que a ideia deixa muita gente horrorizada, mas segundo o parlamentar, ela vem sendo praticada pela Igreja Anglicana há anos.
"Não é algo que sobre o que as pessoas querem discutir ou pensar", disse.
As soluções encontradas por outros países para a questão do que fazer com os mortos variam. Algumas sociedades são mais pragmáticas, o que ajuda a evitar o problema da superpopulação dos cemitérios.
Na Alemanha, covas são reutilizadas após 30 anos. Restos mortais são normalmente exumados e cremados. Na Austrália e Nova Zelândia, "cavar e aprofundar" é prática de rotina em regiões urbanas.
O diretor da entidade britânica que administra cemitérios e crematórios, Tim Morris, disse que a solução para o problema britânico é simples.
"A reutilização é comum em vários outros países e foi prática comum na Grã-Bretanha até 1850".
No entanto, em 1856, a lei foi mudada. Perturbar cadáveres tornou-se ilegal. Uma das intenções da lei era evitar roubos e desacelerar a rotatividade - os cemitérios das igrejas estavam tão lotados que os corpos eram desenterrados após poucos meses para abrir espaço.
Morris vem fazendo lobby para convencer governos sucessivos a mudar a lei, mas sem resultados.
"A morte não ganha votos", disse. "Existe sempre alguma crise mais importante a ser resolvida".
Com sorte, ainda tenho bastante tempo para fazer minha escolha, mas a Grã-Bretanha precisa encontrar logo uma solução para esse problema.
Porque se por um lado a morte é inevitável, por outro, não há como evitar uma outra verdade: o espaço está acabando.

Como Outros Países Enterram seus Mortos

  • Em Veneza, existe uma 'ilha cemitério', onde restos mortais são enterrados em tombas sobrepostas, como gaveteiros.
  • Seguidores da religião Zoroastrismo colocam os corpos de seus entes queridos no topo de torres e os deixam ali para ser comidos por urubus.
  • No sul da China, integrantes da etnia Bo têm como tradição pendurar seus caixões no topo de penhascos e montanhas. Em alguns casos, os caixões são pendurados a altitudes de até 130 m.

Greve de coveiros faz até Guarda Civil transportar corpos


Enterros deixaram de ser feitos na capital paulista, por conta de uma paralisação de 24h dos funcionários do serviço funerário.


Apesar de a Prefeitura de São Paulo ter acionado de jardineiros e faxineiros até a Guarda Civil (GCM) para tentar manter o Serviço Funerário ativo na terça-feira (21), muitos enterros deixaram de ser feitos na capital paulista, por conta de uma paralisação de 24h dos funcionários da autarquia -  encerrada nesta quarta às 6h da manhã.
Segundo apurou a reportagem, como os motoristas do Serviço Funerário aderiram à paralisação, a GCM teria ajudado no traslado de alguns corpos até cemitérios. Outros agentes da Secretaria Municipal dos Serviços, incluindo seguranças, trabalharam dirigindo parte dos carros funerários. Funcionários das Secretarias da Saúde e da Coordenação das Subprefeituras, além da Defesa Civil, também foram chamados.
A reportagem identificou famílias que não haviam conseguido sepultar seus parentes até o início da noite. A longa espera e a falta de informações claras sobre quando o enterro poderia acontecer levaram a um sentimento de revolta e dor. Isso foi ainda mais nítido no Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), em Pinheiros, na zona oeste, para onde são levados os corpos das pessoas que tiveram morte natural.
O principal problema era a impossibilidade do traslado dos cadáveres desse ponto para os cemitérios. Foi o caso da balconista Luzinete Pinheiro dos Santos, de 47 anos. Sua tia, a aposentada Edite Cruz, de 73, morreu às 8h30 de segunda-feira, mas a Prefeitura a informou ontem que o horário da liberação do corpo para o velório no Cemitério São Pedro, na Vila Alpina, zona leste, só seria divulgado nesta quarta.
Por volta das 19h de ontem, a auxiliar de limpeza Maria Lucineide dos Santos, de 33 anos, também continuava sem saber quando o cunhado, o ajudante-geral Jucelino Inocêncio de Araújo, de 39 anos, morto na segunda-feira à noite, teria o corpo liberado para o Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte.
No mesmo horário, a cabeleireira Katia Vieira, de 38 anos, continuava sem saber quando o corpo de sua tia seria levado para o Cemitério da Vila Formosa, na zona leste da capital.

Foto: AE
Servidores realizam passeata rumo à Prefeitura após a assembleia
Improviso
Nos cemitérios municipais, os enterros foram feitos por funcionários que não estão habituados ao serviço, como faxineiros e jardineiros. A reportagem viu, por volta das 16h, um sepultamento no Cemitério do Araçá, na zona oeste, ser auxiliado por três funcionários terceirizados do serviço de limpeza da empresa Tonanni.
Já os quatro velórios realizados até aquele horário haviam sido montados por funcionários da área administrativa do cemitério. No maior cemitério da cidade, o Vila Formosa, onde, durante um protesto de manhã, coveiros entraram nas valas, os 18 sepultamentos programados para o dia foram feitos por equipes da limpeza, de acordo com um funcionário.
O Serviço Funerário Municipal cuida da administração dos 22 cemitérios da capital e faz o transporte dos corpos de hospitais e Institutos Médico-Legais para as funerárias.
Histórico
É a primeira vez em 17 anos que o serviço de sepultamentos enfrenta grandes problemas em São Paulo. Em 1994, os motoristas do Serviço Funerário fizeram paralisação de 11 horas, em protesto pela demissão de dois colegas.
Na mesma época, funcionários da fábrica de caixões da Prefeitura promoveram "operação tartaruga", o que impediu a montagem do estoque diário de 300 caixões. Em abril de 1999, houve um caso isolado: o IML central, em Pinheiros, passou quase todo o dia sem poder recolher corpos de vítimas de mortes violentas porque não tinha carros disponíveis. Peruas do Corpo de Bombeiros tiveram de ser acionadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Greve no Serviço Funerário cancela enterros em São Paulostagem


Nos cemitérios, faxineiros e servidores da área administrativa ajudaram nos sepultamentos pela segunda vez no ano.


Pela segunda vez no ano, os 1.366 funcionários do Serviço Funerário de São Paulo entraram em greve na terça-feira (30), levando a prefeitura a deslocar a Guarda Civil Metropolitana (GCM) para o transporte dos corpos até os cemitérios. A fila para a liberação dos cadáveres cresceu ao longo do dia, assim como o sentimento de revolta entre familiares. Enterros precisaram ser cancelados e a paralisação continua nesta quarta.
Enquanto isso, o aposentado José Inhesta Martim, de 85 anos, que perdeu a mulher, de 86, anteontem, não tinha perspectiva. "Não deram prazo. Não apareceu ninguém nem para pegar a roupa que ela usará no caixão." A demora se dava principalmente porque eram os agentes da GCM os responsáveis por transportar os corpos desde o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) até os cemitérios.
Nos cemitérios, faxineiros e servidores da área administrativa ajudaram nos sepultamentos. Mesmo assim, o transporte de corpos demorava horas. Um exemplo foi o do encarregado de obras Diego Alves de Farias, de 23 anos, que à tarde ainda esperava o envio do corpo do pai - morto na madrugada de segunda (29) - para o Cemitério da Vila Alpina. "Acho que vou ter de desmarcar o velório, mesmo com a família esperando." À noite, ele conseguiu liberar o corpo do pai.

Foto: AE
Mulher passa mal no IML de São Paulo, após mais de 12 horas de espera para a liberação de corpo de familiar
Os guardas ainda tinham de buscar os mortos nos hospitais e centros médicos, dirigindo os carros do próprio Serviço Funerário. "Não estamos acostumados com isso", admitiu um dos agentes. Segundo ele, 70 homens foram deslocados somente para esse serviço. O número não foi confirmado pela prefeitura. Outro GCM ressaltou que deixou de fazer sua ronda habitual em bairros da zona norte por causa da greve na autarquia municipal. "Ficamos desguarnecidos." 
Negociação
Os funcionários do Serviço Funerário exigem um reajuste de 39,79%, referente ao período entre 2004 e 2010, além de plano de carreira e melhores condições de trabalho. "Nossa pauta de reivindicações foi entregue em fevereiro e até agora não responderam nada", afirma Irene Batista de Paula, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias do Município de São Paulo (Sindsep). Ela diz que houve uma reunião com a prefeitura quarta à tarde, mas nenhum secretário apareceu.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que "considera inadmissível e repudia a paralisação, que é considerada ilegal pela Justiça, por tratar-se de serviço essencial à população". O governo ainda alega sempre ter mantido o diálogo com os representantes dos servidores. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Paralisação do serviço funerário continua atrasando enterros em São Paulo


Famílias chegam aos cemitérios sem previsão de quando os sepultamentos serão realizados. "Situação é lamentável", diz servidor

Com a segunda paralisação neste ano do serviço funerário, grandes cemitérios de São Paulo enfrentam problemas com sepultamentos e retirada de corpos dos hospitais. Cerca de 1.366 funcionários (faxineiros, sepultadores e motoristas) estão em greve desde terça-feira (30). Segundo a Secretaria Municipal de Serviços, novas contratações foram realizadas, nesta tarde de quarta-feira, para aulixar o andamento nos principais cemitérios da cidade.
O órgão afirmou que 15 novos carros funerários de empresas particulares estão participando da retirada dos corpos até os cemitérios. Porém, a secretaria não soube especificar para qual cemintério o serviço contratado foi direcionado.

Já no Cemitério da Saudade, na região de São Miguel Paulista, a situação é "caótica", segundo funcionária do local. "Aqui sepultadores e motoristas entraram em greve. As famílias chegam aqui sem hora para sair", explica. Segundo ela, ao receber uma família já explica que a espera é indeterminada.
Funcionários do Cemitério Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da cidade, informam que a situação continua complicada no local. A espera para o recebimento do corpo e início do processo de sepultamento não ocorre em menos de 5h. "É lamentável, não temos o que fazer", explica um servidor que não quis ter o nome revelado.  
Foto: AE
Funcionários de empresa terceirizada realizam os sepultamentos no Cemitério da Vila Formosa, na zona leste
Ainda nesta tarde, funcionários da empresa terceirizada, contratada para serviços de limpeza, realizavam os sepultamentos no Cemitério da Vila Formosa, na região leste. Na parte da manhã, a prefeitura já havia deslocado a Guarda Civil Metropolitana (GCM) para o transporte dos corpos. A fila para a liberação dos cadáveres cresceu ao longo do dia. Enterros precisaram ser até cancelados no Cemitério Vila Alpina, na também na zona leste da capital.
Greve
Os funcionários do serviço funerário exigem um reajuste de 39,79%, referente ao período entre 2004 e 2010, além de plano de carreira e melhores condições de trabalho. "Nossa pauta de reivindicações foi entregue em fevereiro e até agora não responderam nada", afirma Irene Batista de Paula, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias do Município de São Paulo (Sindsep). Ela diz que houve uma reunião com a prefeitura quarta à tarde, mas nenhum secretário apareceu.
Em nota, a Prefeitura de São Paulo informou que "considera inadmissível e repudia a paralisação, que é considerada ilegal pela Justiça, por tratar-se de serviço essencial à população". O governo ainda alega sempre ter mantido o diálogo com os representantes dos servidores e considerou essencial o apoio da Guarda Civil Metropolitana. "O apoio da GCM e de funcionários terceirizados foi fundamental para que mantivéssemos os serviços de traslado e sepultamento".