quarta-feira, 13 de abril de 2011

Cadáveres amontoados resumem caos no IML

Comissão de Direitos Humanos da OAB denuncia problemas na unidade de Curitiba. Vazamento de chorume e radioatividade são os mais graves

A situação do Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba é pior do que se imagina: além da notória falta de equipamentos e de pessoal, a estrutura precária da sala de radiologia da unidade provoca a emissão descontrolada de radioatividade e o armazenamento inadequado de dezenas de corpos causa o vazamento de chorume – líquido preto proveniente da decomposição biológica. Essas denúncias contra o IML da capital foram comprovadas ontem durante vistoria feita pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil seção Paraná (OAB-PR). Hoje a Secretaria Municipal de Meio Ambiente deve averiguar o local. A situação pode causar a interdição do local.

A inspeção da OAB-PR na unidade teve como objetivo apurar as deficiências estruturais e de pessoal que acarretam no atraso da liberação de corpos e em riscos à saúde pública. “É um caos e providências deverão ser tomadas. Intervenção no papel, como já ocorreu em outra época, não adianta”, afirmou a vice-presidente da comissão da OAB-PR, Isabel Kugler Mendes, ao final da visita. No começo deste mês, a Gazeta do Povo publicou reportagem informando sobre a grave situação do IML.
As denúncias foram relatadas ao diretor-geral do IML, o médico Porcídio Otaviano Milani. A maioria das falhas foi reconhecida pelo gestor. Ele negou apenas a existência de problemas na sala de radiografia. Segundo ele, o excesso de cadáveres é um caso antigo. “Tem aumentado o número de mortes violentas e, ao mesmo tempo, temos falta de espaço para enterrar”, justificando o não cumprimento do prazo de 30 dias para o enterro coletivo dos corpos não identificados.
Bebel Ritzmen/Divulgação OAB
Bebel Ritzmen/Divulgação OAB / Corpos empilhados e sem identificação no IML de Curitiba: uma cena que choca pelo descaso das autoridades públicas
Corpos empilhados e sem identificação no IML de Curitiba: uma cena que choca pelo descaso das autoridades públicas
Reincidência
Órgão foi notificado em 2008 por lançamento de chorume
Em algumas salas é possível perceber manchas marrons provenientes do chorume eliminado pelos corpos. Esse líquido é eliminado pela rede de esgoto comum. Segundo a assessoria da Secretaria do Meio Ambiente, o IML já foi notificado em 2008 por lançamento indevido na rede da Sanepar. Na época, foi firmado um acordo entre Sanepar e prefeitura para a fiscalização. A informação é de que não existe nenhuma legislação específica para o funcionamento do IML, somente a infraestrutura adequada seria exigida para dar segurança à população quanto a eliminação dos resíduos. A Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR pretende solicitar providências para a Vigilância Sanitária após a emissão de um relatório da vistoria feita ontem.

Deficiência

A sala de radiologia que fica no mesmo complexo é um caso à parte. Sem nenhuma vedação de radioatividade, as paredes são apenas revestidas com azulejos brancos. Mesmo tendo um equipamento novo disponível para os técnicos, a área de isolamento não tem vidro. A porta e as janelas ficam abertas durante o exame, o que leva a vice-presidente da Comissão da OAB-PR a concluir que há vazamento de radiotividade no local. Conforme informações, dez médicos legistas teriam morrido de câncer nos últimos tempos. Na última semana, uma técnica em radiologia também morreu com câncer de pâncreas e intestino. “É um problema de saúde pública”, constata Isabel.
Milani afirma que medidas emergenciais estão sendo tomadas para resolver os problemas. Entre elas estão a contratação de funcionários, a regularização do trabalho efetuado pelo IML e o pedido para que a prefeitura tome providências quanto ao espaço público para o enterro. Para Milani, o pequeno número de médicos legistas, que hoje chega a 73 profissionais em todo o Paraná, também auxilia no atraso dos procedimentos. O ideal seria 160 médicos para atender à demanda do estado.

Diagnóstico

Durante a vistoria, que durou uma hora e meia, a farmacêutica Priscila Gabriel, chefe da divisão de laboratórios do IML, explicou que o cromatógrafo (equipamento usado para fazer exames toxicológicos em vítimas a fim de identificar substâncias químicas no corpo) não está funcionando desde novembro de 2010. “A consequência é o atraso de toda a cadeia de exames”, afirma. Segundo ela, hoje são 1,5 mil exames em atraso. A demora na entrega dos resultados cria transtornos na liberação de corpos para cremação e na conclusão de inquéritos policiais.
Priscila lembra ainda que o número de laboratórios para exames também é insuficiente. Atualmente, dois laboratórios concentram todos os diagnósticos do estado. Em Curitiba, o trabalho é feito por 16 profissionais e, em Londrina, por apenas dois. Para a especialista, a criação de novos laboratórios descentralizados ajudaria a resolver o problema.
A falta de viaturas para a coleta de corpos foi citado pelos funcionários. Somente duas estão em funcionamento, sendo que há oito motoristas à disposição.
Isabel Kluger, da OAB-PR, conta que costuma ouvir que a Justiça tem sido morosa na liberação dos corpos. “Quando não tem autoria definida a Justiça fica responsável e não consigo entender o motivo de levar tanto tempo para liberar os corpos”, diz. A Vara de Inquéritos Policiais foi procurada pela reportagem e deve se pronunciar hoje.

Cheiro forte denuncia descaso

Quem entra nas dependências do necrotério do IML não imagina o existe por trás de algumas portas. O cheiro característico de putrefação é o primeiro a ser percebido. Depois, a realidade nua e crua ao ver dezenas de corpos ensacados em plásticos pretos que mal cobrem alguns deles.
Os existentes na primeira câmera fria que aloja 46 gavetas estão em melhor estado, segundo a OAB-PR. No entanto, a água encontrada no chão denuncia o mau funcionamento das geladeiras – antigas, enferrujadas e que mesmo passando por vistorias constantes, segundo a funcionária responsável por ser a cicerone do grupo, não comportam o uso constante. Seis corpos recém-chegados aguardam a liberação fora das geladeiras. Há corpos armazenados que datam de 2009.
Mesmo informando que há material descartável disponível, como aventais, gazes, luvas e máscaras, para manipulação dos corpos, nenhum dos funcionários que circulam pelo espaço fazem uso de equipamentos de proteção. “Nunca me contaminei”, garante uma delas. A única coisa descartável que se vê são as lonas pretas que revestem os corpos, utilizadas desde que o atual diretor assumiu. Antes, segundo informações, eram dispostos pa­­péis sobre os corpos nus. São 300 sacos pretos usados semanalmente em substituição aos sacos de zíper que foram usados por pouquíssimo tempo sob alegação de serem muito caros.

No entanto, o mais desumanizante é ver a câmara onde se encontram cerca de 70 corpos, conforme avaliação de funcionários, empilhados um sobre os outros, com partes semi-expostas. Quando é necessário fazer um reconhecimento, como o ocorrido com os familiares de Nilton Lopes Santana, 27 anos, foi preciso remover dezenas de corpos para tentar localizá-lo. O corpo está sumido desde 19 de janeiro. O IML reconheceu que o corpo pode ter sido enterrado como indigente.

Filho encontra osso do pai dentro de uma caçamba

A família Scheer Simão perdeu na última terça feira(04), a sua matriarca, dona Anilda, com 71 anos.
Já havia perdido o pai e esposo de dona Anilda, o senhor José Jauer Simão, há 12 anos.
Optaram os familiares em sepultar dona Anilda no mesmo túmulo do falecido esposo.
Contrataram os serviços de uma funerária para a exumação dos restos mortais e a colocação em uma urna especial já que o caixão original estava se decompondo devido à ação do tempo.
Passados cinco dias do sepultamento, mais precisamente na manhã deste domingo (10), um dos filhos do casal falecido foi até o cemitério e surpreendeu-se com o que viu.
Em uma caçamba de entulhos em frente ao cemitério, estava o caixão antigo do seu pai, as roupas ainda intactas e um osso, supostamente o FÊMUR.
Reuniram-se os familiares e as polícias Civil e Militar foram acionadas para registrar o fato.
A Jovem Sul esteve no local e acompanhou o recolhimento dos pertences do falecido e do osso encontrado.

Caixão desaparece de sepultura em cemitério do interior de SP

O desaparecimento de um caixão com o corpo dentro chamou a atenção dos moradores de São Roque, interior de São Paulo. Uma mulher foi ao cemitério da cidade na última sexta-feira para acompanhar a exumação do corpo do pai, a fim de transferir os restos mortais para uma gaveta de concreto.
Mas, após muitas escavações, o coveiro não encontrou o caixão que deveria estar enterrado na sepultura, com o corpo de Adolpho Severiano Leite, morto aos 76 anos em 2007.

O diretor do cemitério informou que uma sindicância interna será aberta para investigar o sumiço do cadáver. A família registrou o sumiço em boletim de ocorrência na delegacia e pretende levar o caso para a Justiça. A prefeitura de São Roque não se pronunciou sobre o desaparecimento do caixão.

IML de Curitiba manda corpo errado para família enterrar

Apesar do erro, família resolveu seguir com o enterro. Agora, o Estado vai exumar o corpo errado e mandar o corpo certo



O Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba (PR) se confundiu e trocou dois corpos neste final de semana. Jhonatan Souza Alto, de 17 anos, foi morto na última sexta-feira na Cidade Industrial de Curitiba e deveria ter sido sepultado em São Carlos (SP). Segundo os familiares do jovem, o corpo que chegou não era o da vítima, mas de um rapaz não identificado.
Segundo informações preliminares do IML de Curitiba, o corpo de Jhonatan deu entrada no instituto às 13 horas de sexta-feira, sendo necropsiado e liberado para identificação no dia seguinte. Depois de cumpridas todas as formalidades legais, teria sido enviado para São Carlos.
No entanto, os familiares do jovem em São Paulo não reconheceram o cadáver como sendo o de Jhonatan, mas, mesmo assim, autorizaram o sepultamento, para só então comunicar o IML de Curitiba sobre a troca. “O corpo de Jhonatan continua nas dependências do IML”, afirmou o diretor do IML de Curitiba, Porcídio Vilani. Segundo Vilani, o corpo sepultado em São Carlos ainda não foi identificado.
Investigação e pedido de desculpas
O secretário da Segurança Pública do Paraná, Reinaldo de Almeida César, determinou nesta segunda-feira a abertura de inquérito policial para apurar o erro na identificação dos corpos. A investigação será conduzida pelo Núcleo de Repressão aos Crimes Econômicos (Nurce), com apoio do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). “Casos assim não podem acontecer e pedimos nossas desculpas aos familiares. Não basta apenas um procedimento administrativo. Tudo vai ser rigorosamente revisto”, afirmou o secretário da Segurança.
Para rever os procedimentos, a partir de agora um oficial da Polícia Militar e um delegado da Polícia Civil vão trabalhar em conjunto com a direção do IML, para acompanhamento dos procedimentos adotados para identificação e liberação de corpos.
O delegado-titular do Nurce, Itiro Hashitani, responsável pela condução do inquérito, já começou as investigações. “Constatamos que efetivamente ocorreu o erro no IML e vamos apurar como isso ocorreu e quem foram os responsáveis. Concluído o inquérito, eles poderão ser punidos administrativa e criminalmente”, informou.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública já pediu à Procuradoria Geral do Estado que solicite à Justiça de São Paulo a exumação do corpo sepultado em São Carlos e o envio dos restos mortais a Curitiba.
Condições precárias
A comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR) visitou duas vezes o IML de Curitiba nas últimas semanas, após denúncias da precariedade do trabalho e no armazenamento de corpos no local. Depois que um relatório da OAB foi divulgado, o enterro de dezenas de corpos que estavam a espera no IML começou a ser feito.