quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Turismo no cemitério


O Brasil, de maneira ampla, prepara-se para reverenciar seus mortos no próximo dia 2 de novembro, quando os cemitérios recebem grande quantidade de pessoas, que ali chegam para rezar pelos entes queridos que partiram para uma nova dimensão, para colocar flores e ornamentar jazigos e túmulos, mostrando que os que partiram não foram esquecidos. Um momento individual para matar saudades, relembrar momentos especiais e sentir-se, mesmo que psicologicamente, mais próximos dos que lhes foram caros em vida.
Para recepcionar os visitantes, as administrações dos campos santos realizam faxinas, pinturas etc., além de oportunizar que pessoas ligadas ao comércio informal possam auferir alguma renda com a venda de flores, a limpeza de túmulos, o conserto de calçadas, a comercialização de doces e alimentos, entre outros serviços, fazendo com que os cemitérios mostrem-se, no dia dedicado aos finados, como aqueles que antecedem a data, quase que um canteiro de obras em busca das melhores condições possíveis para os dias de visitação que, geralmente, aproveitam a oportunidade para visitar, também, túmulos de amigos e conhecidos, fazendo um giro interno.
Pensando nisto, as capitais e as grandes cidades aproveitam a data, que termina sendo vista como momento, também, para a prática turística, quando os visitantes procuram jazigos de grandes políticos, integrantes do meio artístico, esportivo e, ainda, de pessoas que, na crendice popular, são consideradas milagreiras. Fatos dessa natureza promovem grandes romarias aos cemitérios, cujas administrações, atentas, já preparam esquemas especiais para a recepção.
Rio Grande, em certo aspecto, não é diferente e, embora não tenha o porte de grandes cidades, conta com dois cemitérios antigos e, como tal, com um número razoável de sepulturas onde se encontram restos mortais de personalidades que fizeram parte da história do próprio Município, assim como do Estado e do País.
Dentro dessa verdade, acreditamos que a administração da Santa Casa, a quem pertence o cemitério católico do Município, poderia efetuar levantamento sobre as personalidades que ali estão sepultadas e determinar a construção de placas para colocação junto aos túmulos, indicando nomes, funções e alguma coisa sobre a história de quem ali se encontra.
Muitos até poderão entender que aproveitar os cemitérios para a promoção do turismo pode ser uma aberração, mas certo é que grandes cidades assim procedem, mostrando verdadeiras obras de artes, elaboradas por martelos e cinzéis de renomados artistas e de construtores que tinham o dom da sensibilidade para fachadas de túmulos e jazigos.
Se tivemos, em Rio Grande, antigos cemitérios; se tivemos artistas como Tonietti, Gobbi e outros, que deixaram gravadas, para a eternidade, suas obras e se temos sepultadas personalidades que fizeram história, então, por que não mostrá-las àqueles que nos visitam?

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