segunda-feira, 10 de junho de 2013

Em protesto contra crematório, moradores fecham a avenida Santos Dumont em Joinville

Manifestantes usaram placas, faixas e até caixões durante a mobilização


img João Batista da Silva
@jb_joaobatista
Joinville      

 
 


Luciano Moraes/ND
Moradores fecharam a Santos Dumont pedindo a suspensão das obras do crematório

Os moradores dos bairros Aventureiro, Jardim Paraíso, Jardim Sofia e Vila Cubatão, que já são vizinhos dos cemitérios do Cubatão e Jardim das Flores na região, não querem mais um empreendimento funerário perto de suas casas. A indignação contra a chegada do crematório, em construção na esquina da avenida Santos Dumont e rua Tuiuti, mobilizou mais de 100 pessoas na tarde desta sexta-feira (07) em frente ao local. O grupo fechou a avenida por meia hora, em protesto com faixas, placas e até caixões para sensibilizar as autoridades de que área é inadequada para o serviço.
“Não vejo a chegada o crematório como um progresso. O Aventureiro vai virar um bairro-cemitério”, afirmou o aposentado Flávio Cercal, 63, reclamando da falta de serviços mais essenciais na região, como bancos e escolas. De acordo com o empresário Alberto Beier, um dos organizadores da mobilização, os moradores não são contrário ao crematório mas ao local onde está sendo instalado. “Nós entendemos que o crematório é bom para a cidade. O que discutimos é a posição geográfica. Estão fazendo um crematório em frente a uma cidade de 34 mil habitantes”, considerou, em referência ao bairro mais populoso de Joinville.
A população quer que o serviço seja instalado às margens da BR-101. Outro problema apontado diz respeito à mobilidade com o aumento de cortejos vindos de vindos de outros bairros e cidades. “É um tipo de empreendimento que não traz benefícios para a comunidade. Vai entupir nossas ruas”, completou. Outro morador, Robson de Souza, 35, destacou que a presença de um crematório na região interfere negativamente numa das principais entradas da cidade, em função do aeroporto. “Não queremos ficar conhecidos com o bairro do crematório”, disse.
Novos protestos previstos
As lideranças comunitárias dos bairros envolvidos pretendem fazer novos protestos todas às sextas, até que o empreendimento seja paralisado. Além das manifestações, um abaixo-assinado, com mais de cinco mil assinaturas já coletadas, está sendo elaborado. O documento será anexo a uma ação judicial que uma comissão de lideranças pretendem abrir contra o crematório. “Sabemos que legalmente a empresa está amparada, mas a gente vai tentar embargar a obra judicialmente”, informou o coordenador da Uamba (União das Associações de Moradores do Bairro Aventureiro), Luiz Castanha.
Ele ainda comentou que será solicitado um estudo de impacto de vizinhança e uma audiência pública com os moradores para esclarecer a população sobre o novo serviço. “Antes de se construir, a população do Aventureiro deveria ser consultada. O crematório não é uma coisa que traz facilidades à vida dos moradores. Os imóveis ficarão desvalorizados”, considerou. Também na sexta, Castanha e outros integrantes da comissão de moradores tiveram uma conversa com o prefeito sobre o assunto. O grupo aguarda uma interferência do governo.
Legalidade
A construção do crematório começou a cerca de três semanas e deve ficar pronta em seis meses. Com todas as licenças liberadas para o início do trabalho, após o término, a empresa responsável, que já atua com uma funerária na cidade, ainda precisa receber a autorização de operação, que confirma que a obra foi feita conforme o projeto, para as atividades terem início. Desde a primeira tentativa de implantar o serviço em Joinville, em 2007, a empresa destacou que o serviço não é poluente, não produz cheiro e nem fumaça.
Em reunião com os representantes dos moradores na sexta, a Prefeitura destacou que a construção da obra no local está dentro da legalidade. O prefeito Udo Döhler acompanhou o encontro, manifestando-se aberto ao diálogo com os moradores sobre o projeto. Os diretores do Ippuj (Institutod e Pesquisa e Planejamento Urbano de Joinville) e da Fundema (Fundação Municipal do Meio Ambiente), no entanto, esclareceram que a construção atende todas as exigências legais em relação ao zoneamento e as licenças. O presidente do Ippuj, Vladimir Constante, explicou que o crematório é uma atividade não poluidora e de baixo impacto na mobilidade. “Comparado com outras atividades daquela região como o aeroporto, cemitério, indústrias, igrejas e centro de eventos o impacto é bem menor”.

Publicado em 08/06/13-08:23 por: João Batista da Silva.

Nenhum comentário: