segunda-feira, 20 de junho de 2016

Planos funerários vendidos em Uberlândia não cobrem todos os gastos

O pagamento de planos funerários tende a tranquilizar as pessoas que contratam esse serviço quanto aos gastos que a família teria com preparação, velório e sepultamento. No entanto, os planos não oferecem cobertura completa, fazendo com que os familiares tenham que desembolsar valores que, em Uberlândia, variam de R$ 379 a R$ 3,5 mil com taxas de cemitério e aquisição de jazigos. Há ainda o valor do salão para velório, que também não está incluso em alguns convênios disponíveis na cidade, o que custa entre R$ 600 e R$ 1,2 mil, dependendo do tipo de sala e da funerária contratada.
Em Uberlândia, são oferecidos planos por três empresas diferentes. Eles cobrem, com variações, caixão, preparação simples do corpo, coroa de flores e o traslado. Os preços variam de R$ 30 a R$ 50 mensais. Não são valores fechados. A taxa é paga todos os meses até o falecimento. Os procedimentos particulares para quem não tem plano custam, em média, R$ 5 mil.
Dagma Porto é gerente de uma funerária onde o plano não cobre alguns serviços, mas dá desconto (Foto: Cleiton Borges)
Dagma Porto é gerente de uma funerária onde o plano não cobre alguns serviços, mas dá desconto (Foto: Cleiton Borges)
O diretor-geral de uma empresa que comercializa planos funerários Pedro Alves da Costa Filho, explicou que as despesas após a morte mesmo para quem tem o plano se referem a outros procedimentos. “Existem taxas municipais para sepultar, que são cobradas pelas funerárias, mas repassadas à Prefeitura. São taxas de exumação, quando é necessário e de sepultamento. Há também particularidades em cada um dos planos, que oferecem coberturas diferentes”, afirmou.
Segundo a gerente-geral de uma funerária no bairro Brasil, Dagma Porto, o plano oferecido pela empresa não cobre os valores referentes a sala de velório e preparação do corpo, mas garante desconto nesses serviços. “Temos oito salas e mais de 26 mil associados, que têm dependentes. Não podemos garantir em contrato que quem tem o plano terá a sala. Pode ser que todas estejam ocupadas. A paramentação da sala, da urna mortuária e o tule para cobrir o rosto estão incluídos”, disse Dagma Porto.
Apesar das taxas que ainda vão restar para os familiares desembolsarem após o falecimento, para a dona de casa Joana Darc Maria Silva o pagamento do plano funerário compensa. “Quando meu avô morreu, passamos muito aperto para enterrá-lo, porque não tínhamos dinheiro nem plano. Minha mãe faz um plano funerário, que pagou por mais de 20 anos. Quando ela morreu, só tivemos gasto com as taxas do cemitério. É um momento doloroso e se a gente não tem dinheiro fica ainda mais difícil.”
A avó da advogada Ana Beatriz Faina, pagou um plano de R$ 50 mensais por 25 anos. O desembolso total foi de cerca de R$ 15 mil. Mas isso não evitou que a família tivesse gastos. “Tivemos que pagar o aluguel de um local para velar. É um valor que nos pegou desprevenidos. É uma questão que as pessoas não têm como negar fazer, porque estão em um momento de tristeza e fazem o mais rápido e melhor para o ente querido, o que pode ficar caro”, disse .
Cinzas
Diferente dos planos funerários, cujos benefícios só estão garantidos enquanto há o pagamento das mensalidades, a cremação ocorre de modo diferente. É um valor fixo que pode ser parcelado. Segundo o gerente comercial de um crematório em Uberlândia Bruno Muniz, o serviço custa R$ 3 mil para pagamento antecipado, que pode ser divido em 18 vezes. “É uma espécie de direito adquirido, que a pessoa paga e pode usar, mas é individual. Ou ela usa para si, ou para um ente. Se não houver aquisição antecipada, se o contrato for posterior ao óbito, o valor sobre para R$ 3,8 mil”, afirmou Muniz.
Segundo Bruno Muniz, mesmo optando pela cremação, os serviços funerários são necessários (Foto: Celso Ribeiro)
Segundo Bruno Muniz, mesmo optando pela cremação, os serviços funerários são necessários (Foto: Celso Ribeiro)
Contudo, mesmo optando pela cremação, é preciso passar antes por um serviço funerário para a preparação do corpo e colocação na urna mortuária. “Há a possibilidade de sepultar as cinzas ou de colocá-las no columbário, que são nichos nas paredes de uma capela que temos aqui. A família decide o que fazer com os restos mortais”, disse.
Taxas de cemitério
Cemitério Campo do Bom Pastor
Jazigo perpétuo com duas gavetas: R$ 971,16
Área de arrendamento*: R$ 181
Abertura de sepulturas: R$ 195 (sem exumação) ou R$ 260 (com exumação)
Cemitério São Pedro
Não há jazigos disponíveis no cemitério
Abertura de sepulturas: R$ 160 (sem exumação) ou R$ 225 (com exumação)
Cemitério e crematório Parque dos Buritis
Jazigo perpétuo com duas gavetas: R$ 2,4 mil**
*A área é arrendada apenas por 5 anos. Após esse período, os restos mortais são retirados e a família tem seis meses para decidir o que fazer. Eles podem ser colocados em uma gaveta perpétua no ossário, que custa R$ 422 ou, se não houver manifestação da família, vão para o ossário coletivo.
**Matéria atualizada às 11h09 para correção de informações. A empresa havia informado inicialmente o valor de R$ 3,5 mil para compra sem antecipação, mas retificou a informação.

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