segunda-feira, 10 de julho de 2017

Abandono ameaça cemitério histórico

Gina Mardones
Gina Mardones - Muitos túmulos nunca passaram por manutenção e há cruzes e jazigos cobertos pela vegetação
Muitos túmulos nunca passaram por manutenção e há cruzes e jazigos cobertos pela vegetação


Construído em meados de 1931, o cemitério do Heimtal é onde foram feitos os primeiros sepultamentos de Londrina, antes mesmo da fundação do município, que ocorreu em 10 de dezembro de 1934. Localizada na zona norte, a velha necrópole abriga os restos mortais de pioneiros alemães e húngaros e de outras etnias. Há lápides no local que apresentam datas (de nascimento) do século 19. O espaço ainda guarda histórias que até hoje comovem a comunidade, como a dos bebês gêmeos que teriam sido envenenados em 1940.

Histórias que estão morrendo. Em ruínas, muitos túmulos nunca passaram por manutenção. Parte das lápides caiu sobre as sepulturas. Há cruzes e jazigos cobertos pela vegetação. A dona de casa Maria Helena Bernardes mora em frente ao cemitério e é considerada a guardiã do local. Segundo ela, o espaço não é visitado diariamente. "Nem em datas especiais. Não há uma grande movimentação de visitantes nem mesmo no Dia de Finados (2 de novembro)", relata. "A maioria foi sepultada há muito tempo neste cemitério, há mais de 80 anos, e não possui familiares na região de Londrina", conta.

Maria Helena acredita que alguns túmulos até "desapareceram". "Olha, a grama tomou parte do cemitério e acabou escondendo os túmulos. Às vezes, a pessoa caminha por aqui e não sabe que está sobre um túmulo", diz. Ela acrescenta que o cemitério sofre invasões constantes de vândalos, responsáveis também pela destruição. "Quando vejo alguém aprontando aqui, grito lá de casa para sair. Se precisar, aciono até a polícia. Me esforço para evitar que um espaço tão bonito seja ainda mais destruído", afirma a moradora.

'MORADA DOS ANJOS'

O cemitério do Heimtal já foi chamado de "morada de anjos". A dona de casa Maria Helena Bernardes resgata a história que até hoje comove a comunidade: a dos bebês gêmeos que supostamente morreram envenenados em 1940. "Uma mulher, que na época tinha 32 anos, viajou do interior de São Paulo para o Heimtal. A intenção dela era apresentar os filhos, de oito meses de vida, aos familiares que aqui moravam", detalha. "Enquanto preparava o alimento dos bebês, uma pessoa teria envenenado o leite. Os gêmeos acabaram tomando e morreram envenenados", revela.

O jazigo contém adornos e dois anjos de concreto. Apesar da deterioração, a placa se mantém legível, porém em alemão. Mesmo assim é possível identificar os nomes deles e a data de nascimento (dezembro de 1939) e de morte (agosto de 1940). Apesar do relato, não há confirmação oficial sobre a veracidade da história.

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