quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Greve de coveiros faz até Guarda Civil transportar corpos


Enterros deixaram de ser feitos na capital paulista, por conta de uma paralisação de 24h dos funcionários do serviço funerário.


Apesar de a Prefeitura de São Paulo ter acionado de jardineiros e faxineiros até a Guarda Civil (GCM) para tentar manter o Serviço Funerário ativo na terça-feira (21), muitos enterros deixaram de ser feitos na capital paulista, por conta de uma paralisação de 24h dos funcionários da autarquia -  encerrada nesta quarta às 6h da manhã.
Segundo apurou a reportagem, como os motoristas do Serviço Funerário aderiram à paralisação, a GCM teria ajudado no traslado de alguns corpos até cemitérios. Outros agentes da Secretaria Municipal dos Serviços, incluindo seguranças, trabalharam dirigindo parte dos carros funerários. Funcionários das Secretarias da Saúde e da Coordenação das Subprefeituras, além da Defesa Civil, também foram chamados.
A reportagem identificou famílias que não haviam conseguido sepultar seus parentes até o início da noite. A longa espera e a falta de informações claras sobre quando o enterro poderia acontecer levaram a um sentimento de revolta e dor. Isso foi ainda mais nítido no Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), em Pinheiros, na zona oeste, para onde são levados os corpos das pessoas que tiveram morte natural.
O principal problema era a impossibilidade do traslado dos cadáveres desse ponto para os cemitérios. Foi o caso da balconista Luzinete Pinheiro dos Santos, de 47 anos. Sua tia, a aposentada Edite Cruz, de 73, morreu às 8h30 de segunda-feira, mas a Prefeitura a informou ontem que o horário da liberação do corpo para o velório no Cemitério São Pedro, na Vila Alpina, zona leste, só seria divulgado nesta quarta.
Por volta das 19h de ontem, a auxiliar de limpeza Maria Lucineide dos Santos, de 33 anos, também continuava sem saber quando o cunhado, o ajudante-geral Jucelino Inocêncio de Araújo, de 39 anos, morto na segunda-feira à noite, teria o corpo liberado para o Cemitério da Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte.
No mesmo horário, a cabeleireira Katia Vieira, de 38 anos, continuava sem saber quando o corpo de sua tia seria levado para o Cemitério da Vila Formosa, na zona leste da capital.

Foto: AE
Servidores realizam passeata rumo à Prefeitura após a assembleia
Improviso
Nos cemitérios municipais, os enterros foram feitos por funcionários que não estão habituados ao serviço, como faxineiros e jardineiros. A reportagem viu, por volta das 16h, um sepultamento no Cemitério do Araçá, na zona oeste, ser auxiliado por três funcionários terceirizados do serviço de limpeza da empresa Tonanni.
Já os quatro velórios realizados até aquele horário haviam sido montados por funcionários da área administrativa do cemitério. No maior cemitério da cidade, o Vila Formosa, onde, durante um protesto de manhã, coveiros entraram nas valas, os 18 sepultamentos programados para o dia foram feitos por equipes da limpeza, de acordo com um funcionário.
O Serviço Funerário Municipal cuida da administração dos 22 cemitérios da capital e faz o transporte dos corpos de hospitais e Institutos Médico-Legais para as funerárias.
Histórico
É a primeira vez em 17 anos que o serviço de sepultamentos enfrenta grandes problemas em São Paulo. Em 1994, os motoristas do Serviço Funerário fizeram paralisação de 11 horas, em protesto pela demissão de dois colegas.
Na mesma época, funcionários da fábrica de caixões da Prefeitura promoveram "operação tartaruga", o que impediu a montagem do estoque diário de 300 caixões. Em abril de 1999, houve um caso isolado: o IML central, em Pinheiros, passou quase todo o dia sem poder recolher corpos de vítimas de mortes violentas porque não tinha carros disponíveis. Peruas do Corpo de Bombeiros tiveram de ser acionadas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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