segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Morto ‘respira’ e causa pânico


Um caso no mínimo curioso e considerado até assustador aconteceu na manhã de quinta-feira (19) em uma funerária de Marabá. Os funcionários do estabelecimento garantem que, ao irem tratar do corpo de um homem que recebeu atestado de óbito pelo Hospital Regional do Sudeste do Pará, este respirou e mexeu os lábios. Diante do susto e da possibilidade de estarem com uma pessoa ainda viva, foi chamada uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e o corpo acabou encaminhado para necropsia no Instituto Médico Legal (IML).

Conforme o agente funerário Janiel Campos Ferraz, a empresa removeu o corpo do idoso Francisco das Chagas Costa Moraes, de 79 anos, por volta das 6h30, após ele ser declarado morto naquela madrugada. Por volta das 8 horas, enquanto o agente limpava o cadáver para iniciar os procedimentos funerários, percebeu algo estranho.

“Vi que ele estava respirando bem fraquinho e ao observar melhor percebi a boca dele mexer, o lábio estava tremendo com a saída de ar”, relatou. Imediatamente, em meio ao desespero, os funcionários da empresa telefonaram para o Samu e uma equipe chegou oito minutos depois. Neste período, o agente ainda tentou realizar uma massagem cardíaca em Francisco.

“A médica (Samu) ainda ouviu fracos batimentos com o estetoscópio, mas quando colocou outro aparelho no dedo dele já não acusou mais nada”, informou Janiel acrescentando que, conforme a explicação da médica que fez o atendimento, os batimentos poderiam ter sido ouvidos em decorrência da massagem cardíaca.

Após uma hora conversando com a equipe da funerária e analisando o caso, a equipe do Samu deixou o local, dando o idoso como morto. Procurada pela Reportagem, a coordenadora do Samu em Marabá, Valtenice Vieira, informou que a equipe que atendeu à ocorrência informou que o paciente já não possuía mais sinais vitais no momento do atendimento. “Ele estava em óbito”, afirmou.

Após o atendimento, Janiel ainda considerava a situação estranha, já que nunca havia ocorrido nada parecido no local, e decidiu comunicar a Polícia Civil. Um boletim de ocorrência foi registrado na 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil e a diretora da Seccional, delegada Simone Felinto, determinou o exame cadavérico por parte do IML e deve acompanhar o caso.

O laudo oficial sobre a causa da morte, que pode apontar também em que horário aproximadamente ela ocorreu, só será emitido em aproximadamente 30 dias, mas, em conversa com o diretor do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, Augusto Andrade, que também é perito, o profissional explicou ao CORREIO o que pode ter ocorrido no caso em questão.

Conforme ele, um cadáver apresenta rigidez total até seis horas após a morte. Passado esse período, até aproximadamente 15 horas após o óbito ele volta a ficar flácido para o início da decomposição e neste período os gases ou secreções que existirem no corpo podem se movimentar e causar a saída de ar. De acordo com Andrade, ao que tudo aparenta, o idoso morreu por complicações no pulmão, que continha bastante secreção.

“Os espasmos podem estar associados ao problema pulmonar dele”, comentou o perito, acrescentando que o caso foi assistido por dois médicos legistas que realizaram a necropsia por volta das 13h30 de quinta e, preliminarmente, tudo indica que o idoso já estivava morto quando saiu do hospital.

O Jornal não conseguiu contato com os familiares de Francisco, mas apurou que o idoso estava em Parauapebas, visitando um filho, quando passou mal e foi internado no hospital local. De lá, com o agravamento do seu caso, ele foi transferido para o Hospital Regional, em Marabá, onde passou cinco dias até morrer. O corpo foi trasladado para Imperatriz, no Maranhão, onde o idoso morava e foi sepultado.


SAIBA MAIS

Em nota divulgada nesta sexta-feira (20) pela assessoria de comunicação do Hospital Regional, a direção informa que só irá se pronunciar sobre qualquer evento que pode ter ocorrido após a saída do corpo do paciente de hospital depois de receber o laudo do Instituto Médico Legal (IML), em até 30 dias.  

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