10/26/11 9:27 AM
Por Robert Sutton | Especial para o The Wall Street Journal
Os funcionários esforçados costumam receber um monte de atenção dos patrões. Mas as maçãs podres deveriam merecer ainda mais.
Um volume crescente de pesquisas sugere que ter apenas alguns
empregados desagradáveis, preguiçosos ou incompetentes pode arruinar o
desempenho de uma equipe ou de uma empresa, não importando quão
espetacular sejam os outros empregados.
Os maus funcionários distraem e arrastam para baixo toda a equipe e
seus comportamentos destrutivos, tais como a preguiça, a raiva e a
incompetência, são muito contagiosos. Os líderes que deixam algumas
maçãs podres entrar – talvez em troca de favores políticos – ou fazem
vistas grossas quando os funcionários são rudes ou incompetentes estão
armando um cenário inevitável em que mesmo os profissionais mais hábeis
da equipe falharão.
É crucial que os líderes filtrem essas maçãs podres antes de serem
contratadas, e se alguma escapar no processo de peneiragem, os gerentes
não devem medir esforços para reformá-los ou (se necessário)
despedi-los.
É fácil entender por que gerentes preferem se concentrar em atrair e
desenvolver funcionários “superstars”. Várias pesquisas mostram que as
estrelas e gênios podem produzir resultados surpreendentes. E,
obviamente, é mais divertido e inspirador se concentrar em alguém com
alto desempenho e cheio de energia.
Mas estudos de áreas que vão desde relacionamentos românticos a
relações no ambiente de trabalho mostram que as interações negativas
podem ter um impacto imensamente maior do que as positivas. A razão é
simples: “Ruim é mais forte do que bom”, como prega o psicólogo Roy
Baumeister e seus colegas.
Os pensamentos, sentimentos e desempenho
negativos que eles geram nas outras pessoas são muito maiores e mais
duradouros do que as respostas positivas geradas por colegas mais
construtivos.
Considere a pesquisa sobre a influência de maçãs podres na eficiência
de uma equipe realizada por Will Felps, R. Terence Mitchell e Byington
Eliza. Eles examinaram o impacto dos membros de uma equipe pouco
esforçados, pessimistas, inseguros, ansiosos, irritadiços e
desrespeitosos. Um experimento de Felps descobriu que ter apenas um
idiota ou preguiçoso no grupo pode fazer o desempenho geral cair de 30% a
40%.
Como podem as organizações se livrar dessas influências negativas? A
maneira mais fácil, obviamente, é evitar a contratação de maçãs podres
em primeiro lugar, e isso significa ter uma abordagem diferente na
avaliação de candidatos a vagas.
Os meios usuais de triagem são muitas vezes fracos quando se trata de
determinar se um candidato é uma maçã podre. Os candidatos podem ter
ido para as melhores escolas ou podem ser charmosos e brilhantes durante
a entrevista, disfarçando bem preguiça, incompetência ou maldade.
É por isso que uma das melhores maneiras de peneirar funcionários é
ver como eles realmente trabalham em condições realistas. Akshay Kothari
e Ankit Gupta usam essa abordagem. Quando contratam novos empregados
para a Pulse, empresa de Palo Alto, Califórnia, que desenvolve
aplicativos para leitura de notícias em smartphones e tablets,
consideram as avaliações de colegas e superiores e fazem várias rodadas
de entrevistas. Mas dizem que a estratégia mais eficaz é trazer os
candidatos para um dia ou dois de trabalho freelance, quando desenvolvem
uma tarefa simples.
Não só é uma oportunidade de ver de perto as habilidades técnicas dos
candidatos, dizem Kothari e Gupta, mas também de conhecer a sua
personalidade. Os dois executivos afirmam que houve vários candidatos
que pareciam ótimos no papel e vieram altamente recomendados, mas que
não foram convidados para preencher a vaga porque as fraquezas técnicas e
interpessoais vieram à tona durante o processo de seleção.
Além de uma seleção inteligente, é importante desenvolver uma cultura
que não tolera idiotas. As melhores organizações são explicitamente
intolerantes com maçãs podres, deixando claro quais comportamentos são
inaceitáveis no ambiente de trabalho e agindo de forma decisiva para
preveni-los e detê-los.
Considere Robert W. Baird & Co., uma firma de serviços
financeiros que acumula elogios como um ótimo lugar para trabalhar. A
empresa é séria sobre a criação de uma cultura onde o desrespeito e o
egoísmo são inaceitáveis. Eles chamam isso de “regra contra idiotas”.
A empresa começa dar dicas sobre sua política durante o processo de
contratação, diz o diretor-presidente, Paul Purcell. “Durante a
entrevista, olho nos olhos do candidato e digo: ‘Se eu descobrir que
você é um idiota, vou demiti-lo’”, diz ele. “A maioria dos candidatos
não se perturba com isso, mas de vez em quando um empalidece e nunca
volto a vê-los, eles encontram algum motivo para desistir da vaga.”
Sutton é professor da Universidade Stanford e autor do livro ” Bom
chefe, mau chefe – como ser o melhor e aprender com o que há de pior”.
Fonte: Valor Econômico via Fenacon
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