terça-feira, 28 de junho de 2011

Empresa transforma defunto em diamante

No Dia de Finados milhões de pessoas peregrinam aos cemitérios para visitar amigos e familiares. Porém existe uma outra forma de homenagear os mortos: transformando-os em diamante.

Uma empresa suíça utiliza máquinas especiais para comprimir cinzas mortuárias em pedras azuladas. A procura cresce em toda a Europa.

O vovô no anel, a tia pendurada na orelha e o cãozinho no chaveiro: todos transformados em diamante depois que suas cinzas foram prensadas em máquinas especiais.

Assim os restos mortais de entes queridos podem ser carregados para qualquer lugar como jóias, ao invés de serem depositados em urnas que ninguém gostar de ver na prateleira ou espalhados ao ar livre em cerimônias tristes.

O que parece ficção científica já ocorre na realidade através dos serviços oferecidos pela Algordanza, uma empresa sediada em Chur, cidade localizada na parte leste da Suíça. Seus fundadores são dois jovens empresários, Rinaldo Willy e Veit Brimer, com respectivamente 26 e 40 anos.

- Tudo não fica mais caro do que um enterro – reforça Willy as qualidades do produto.

Diamantes de meio quilate custam a partir de 3.500 euros. Já as peças de um quilate podem sair por até 10 mil euros. Porém o preço pode subir caso as pedras sejam trabalhadas em jóias de ouro ou prata.

Processo químico

O que parece um negócio macabro é na realidade apenas o aproveitamento comercial de uma realidade biológica: seres humanos têm na sua composição química uma percentagem de carbono. No interior da terra esse elemento passa por um processo que chega a durar milhões de anos antes de se transformar em diamante.

A idéia da Algordanza é acelerar essas etapas através do uso de alta tecnologia. Nos laboratórios da empresa compressores especiais do tamanho de pequenas geladeiras utilizam a pressão de 50 mil bar e o calor de 1.200 graus centígrados para comprimir as cinzas de uma pessoa. Dessa forma a estrutura molecular do carbono é modificada e ele se transforma em diamante.

- Dependendo do tamanho da pedra e das características das cinzas, o processo pode durar entre cinco e doze semanas – explica o empresário.

A máquina necessita entre cinco a doze semanas para criar um diamante.
A máquina necessita entre cinco a doze semanas para criar um diamante. (Algordanza)

Peças únicas

Ao contrário dos concorrentes americanos da empresa Life-Gem, que desde 2001 oferecem o método misturando carbono na fabricação dos diamantes, a Algordanza utiliza "apenas as cinzas mortuárias".

Cada produto final tem uma cor diferente, que varia entre o azul claro até o azul escuro.

- Isso se deve ao elemento químico Boro, que é ingerido pelo ser humano durante a sua vida. Assim cada diamante acaba tendo uma cor diferente, num tom único de azul. Por isso dizemos que não existe uma pedra igual à outra, assim como também não existe uma pessoa igual à outra.

Expansão no mercado

Os suíços já saíram do prejuízo desde meados de 2004 e estão cobrindo seus custos. A partir do ano que vem, eles pretendem expandir a empresa através da abertura de representações em toda a Europa. Atualmente a Algordanza recebe cerca de 40 pedidos por semana.

- Nosso objetivo é ser levado à sério como alternativa ao enterro. Muitas pessoas gostam da idéia de manter consigo uma lembrança do ente querido. Outros não gostam do ambiente de cemitérios e as tradições ligadas ao enterro - diz Willy.

A maior procura dos serviços da Algordanza vem do Japão e da Alemanha, onde os empresários mantém até mesmo uma filial. A razão é que as leis alemãs proíbem a utilização de cinzas mortuárias para outros fins, ao contrário da Suíça.

swissinfo, Alexander Thoele

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