sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Cemitérios recebem milhares de visitantes



Em Resende, milhares de pessoas mantiveram a tradição e visitaram o cemitério

SUL FLUMINENSE
Seguindo a tradição que remonta o século XIII, milhares de pessoas passaram ontem pelos cemitérios da região, levando flores e velas. Sóem Barra Mansa, a estimativa é que dez mil tenham visitado o Cemitério Municipal e outras seis mil, o Cemitério Parque São Francisco durante o feriado.
Segundo o administrador da Funerária Municipal, Joaquim Raimundo de Oliveira, há dois meses o local se prepara para receber esse número excepcional de visitantes. “A gente vem se preparando para este momento com a pintura da fachada, a reforma das quatro capelas e a construção das calçadas”, comentou.
A doméstica Celeste Rodrigues Vicente, 54 anos, foi ao cemitério acompanhando a mãe, Laudelina Rodrigues da Silva Vicente, de 83 anos, que não poderia ir sozinha. “É a primeira vez que eu venho, mas a minha mãe, não. Ela vem há muitos anos. Só parou um pouco devido a um problema de saúde”, comentou. Para Celeste, a tradição é só um símbolo de reciprocidade. “Os nossos queridos cuidaram tanto da gente aqui na terra, então, acho importante visitar, mesmo que eles de fato não estejam mais aqui”, diz.
Cruz Vermelha
Pelo terceiro ano consecutivo, através de uma parceria com a prefeitura, a Cruz Vermelha oferece atendimento aos visitantes do cemitério municipal. “Estamos aqui desde o dia 31, fazendo aferição da pressão arterial e primeiros socorros”, informou a estagiária Sara Viana, 18 anos.
De acordo com a supervisora dos estagiários, a enfermeira Carolline C. Riguete, 70% das pessoas atendidas estavam com a pressão acima de 13 por oito. “NesTa época do ano, as pessoas ficam mais emocionadas, com a pressão desregulada. Estamos com vários hipertensos medicados e com a pressão alta”, contou.
Para Carolline, ações como essa são muito bem recebidas pela população. “As pessoas são carentes, não vão aos postos, então, aproveitam a oportunidade”, disse, acrescentando que, cerca de 800 atendimentos foram realizados desde a última segunda-feira.
RESENDE/ITATIAIA
Aproximadamente 25 mil pessoas passaram, durante todo o dia de ontem, nos cemitérios das duas cidades. Logo nas primeiras horas do dia, a movimentação foi intensa para prestar homenagens aos parentes falecidos. Nas proximidades dos cemitérios, muitos ambulantes e até mesmo crianças, aproveitavam para ganhar dinheiro se oferecendo para limpar túmulos e vendendo velas e flores.
O Cemitério Municipal dos Passos, localizado no Alto dos Passos, em Resende, que conta com aproximadamente oito mil sepulturas, atraiu cerca de 20 mil pessoas. Para receber o público, guardas municipais orientaram o trânsito nas proximidades. Na última semana, a Prefeitura de Resende, preparou o local realizando serviços de limpeza, capina e retirada de entulho, além de trabalhos de pintura.
“Venho todos os anos, tenho muitos familiares e amigos sepultados aqui. Acredito que vir até é uma forma de lembrar aqueles que passaram por nossas vidas e foram importantes de alguma maneira na nossa formação”, comenta a professora aposentada Maria Cristiana de Sousa.
O cemitério também recebeu, durante todo o dia, uma exposição denominada Finados Cultural Musical, realizada pela Fundação Casa da Cultura Macedo Miranda. A Igreja Senhor dos Passos, próxima ao cemitério, ficou lotada nos três horários de missa, com fiéis acompanhando a celebração até mesmo pelo lado de fora. A Igreja Evangélica Peniel realizou culto dentro do cemitério.
Entre os túmulos mais visitados no Cemitério dos Passos estão o da estudante Eni Seabra, a quem são atribuídos milagres e graças; o jazigo dos padres de Resende, no qual estão os restos mortais de sacerdotes que participaram da caminhada da Igreja Católica em Resende, como os padres Flávio Azambuja, José Sandrup, Ludovico Stanuck e Leon; e a sepultura do poeta Luiz Pistarini, autor da letra do Hino Oficial de Resende.
ITATIAIA
No município, as celebrações para o Dia de Finados começaram logo cedo, com uma missa realizada pela Paróquia São José, dentro do Cemitério Municipal, que fica na Vila Odete. Cerca de 200 fiéis acompanharam a celebração, presidida pelo padre João Franciok. O Cemitério Municipal, o principal da cidade, que conta com aproximadamente 1,6 mil sepulturas, atraiu cerca de cinco mil pessoas durante todo o dia.
Assim como acontece em todos os anos, o cemitério, que fica na Vila Odete, e o outro, que fica na região de Maromba e Maringá, ficaram lotados, e os familiares aproveitam para realizar a manutenção dos jazigos e, ainda, para realizar preces, acender velas e levar flores. “Moro em outra cidade, mas tenho familiares enterrados aqui. Todos os anos venho para rezar, e também para deixar o túmulo da família limpinho, organizado”, comenta o pedreiro José dos Santos Faria.
No Cemitério Municipal, na Vila Odete, um dos túmulos mais visitados foi o do padre José Wyrwinski, um dos religiosos que mais tempo se dedicou à fé no município, falecido em 2002. Outro jazigo bastante procurado foi o do ex-prefeito Luiz Carlos de Aquino, que faleceu em 2009. No cemitério de Maringá, um dos túmulos mais visitados foi o da família Quirino, onde se encontram sepultados o ex-vereador de Itatiaia Ronaldo Quirino, e seu pai, ex-vereador de Resende Francisco Quirino, ambos falecidos no ano passado.
QUATIS / PORTO REAL
Nas duas cidades, o movimento foi intenso principalmente na parte da manhã, nos dois cemitérios. Em Quatis, às 8 horas, houve missa na Matriz Nossa Senhora do Rosário e, logo em seguida, as pessoas se dirigiram em caminhada até o cemitério, localizado no Centro da cidade, onde houve oração, conduzida pelo padre Thomas, vigário da paróquia. Na ocasião, ministros da Eucaristia aspergiram os túmulos com água benta. À noite, às 19 horas, foi celebrada outra missa na igreja matriz.
A prefeitura montou uma tenda de informações no interior do cemitério. No local, funcionários, com o auxílio de um computador portátil, ajudavam as pessoas a localizarem os mausoléus dos entes queridos. “A tenda visava orientar as pessoas, especialmente de outras cidades, a encontrar os túmulos dos familiares e amigos”, disse Ângela Tereza Leite, secretaria de Meio Ambiente e uma das responsáveis pela manutenção do cemitério.
Do lado de fora, o movimento era grande, de veículos e de pessoas, que aproveitavam para comprar flores de vendedores ambulantes. Segundo Maria Aparecida Moreira, que há anos comercializa flores no Dia de Finados, as mais procuradas eram margarida, monsenhor, rosa, sempre-viva e palma. “Muitas pessoas gostam de levar as flores em vasos para enfeitar os túmulos”, disse.
Em Porto Real, o movimento no cemitério municipal começou a aumentar após as 9 horas. Por ficar localizado a quatro quilômetros do Centro da cidade, a maior parte das pessoas chegouem carros. Quemfoi de ônibus teve de andar pelo menos300 metrosaté o local, a fim de celebrar a vida eterna das pessoas queridas que faleceram, por meio de orações e velas que foram acesas próximas aos túmulos.
Duas missas foram celebradas, às 18 horas, na Igreja Santo Antônio, em Bulhões, e às 19h30min, na Matriz Nossa Senhora das Dores, no Centro da cidade.
VOLTA REDONDA
Milhares de pessoas lotaram os dois cemitérios da cidade. Desde cedo o movimento foi intenso no Cemitério Municipal do Retiro e no Portal da Saudade, na Rodovia dos Metalúrgicos. Nos arredores dos dois lugares, vendedores de flores e velas se aglomeravam para tentar cativar os clientes que iam visitar os túmulos de parentes e amigos. Agentes da Vigilância em Saúde aproveitaram o feriado para fazer uma campanha contra a dengue. Eles distribuíam panfletos explicativos e pediam que os visitantes não levassem vasos de plantas nem depositassem flores em recipientes com água.
O Cemitério do Retiro, o maior da cidade, recebeu cerca de 15 mil pessoas, segundo a administração. Logo cedo, uma missa foi celebrada pelo padre Juarez Sampaio. Na parte de cima, emocionada, Eliana Marques Viana, 46 anos, depositava flores no túmulo da mãe.
“A gente lembra de nossos parentes e não tem como se emocionar. É uma data muito dolorosa”, conta ela, que pagou R$ 10 para limpar o túmulo da mãe. Dezenas de pessoas, entre elas mulheres e crianças, ofereciam esse tipo de serviço aos visitantes.
No Portal da Saudade, o movimento também foi intenso, superior a dez mil pessoas. Na entrada foi registrado um grande congestionamento na Rodovia dos Metalúrgicos e o trânsito ficou lento. Uma van foi disponibilizada pela administração para transportar gestantes e idosos do portão até o alto do cemitério.
No lado de dentro, a emoção também tomou conta dos visitantes, como foi o caso do aposentado Hélio Luis da Silva Santos, 61 anos. “Vim visitar um familiar e é difícil conter a emoção. É triste por um lado, mas fico feliz por lembrar de tudo o que vivemos juntos e o que ela representou para mim”, recorda.

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